De um número estimado de 13 mil pessoas contaminadas em Curitiba pelo vírus HIV, que causa a aids, 12, 2 mil já foram diagnosticadas, o que representa cerca de 94% do total. Apesar disso, nem todos os diagnosticados na cidade começaram o tratamento.
A informação foi divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde como marco de um ano do começo da parceria entre a capital e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) para a redução dos casos de contaminação pelo HIV. O acordo, firmado em dezembro de 2014, em Paris, na França, tem o objetivo de erradicar a epidemia da doença até o ano de 2020. O que norteia a parceria é a meta 90-90-90 – identificar 90% dos casos estimados de portadores; tratar 90% dos casos identificados; e em 90% dos tratamentos reduzir a carga viral – quantidade de HIV no sangue - a um número próximo de zero - a chamada de carga viral indetectável.
Segundo a coordenadora de vigilância epidemiológica dos agravos crônicos transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Liza Bueno Rosso, com o controle da carga viral é possível diminuir tanto o risco de novas contaminações quanto o desenvolvimento da doença nos atuais portadores do vírus da imunodeficiência. Quando quantidade de HIV no sangue atinge o patamar considerado indetectável, isso significa que o paciente reduz em 96% suas chances de transmitir o HIV. Mesmo assim, a coordenadora alerta para a necessidade do uso de preservativos. “A pessoa [infectada] pode entrar em contato com outro tipo de vírus, resistente ao medicamento que ela usa”, alerta.
Atualmente, informa Liza, cerca de 8,8 mil pessoas fazem o tratamento com medicamentos antirretrovirais para diminuir a carga viral. Isso representa 72% do público já identificado com o HIV. “Quanto mais precoce se inicia o tratamento, mais rápido se chega a uma carga viral indetectável e diminui o ataque às células de defesa”.
Medidas para aumentar o número de pacientes em tratamento
Para atingir a meta de 90% de pacientes com HIV em tratamento, a secretaria tenta incentivar pessoas identificadas como soropositivas a começarem a tomar as medicações antirretrovirais. Questões que envolvem preconceito ainda são barreiras e que afastam a população portadora do vírus do atendimento. Com isso, segundo Liza, a prefeitura tem descentralizado o atendimento. “Temos trabalhado na capacitação de médicos da rede de saúde para que não seja necessário encaminhá-lo para uma unidade de referência e a entrada dele no tratamento seja por uma unidade de saúde”, explica.
A figura do “linkador” também vem sendo usada pela secretaria. O “linkador” é uma pessoa contratada pelo projeto para acompanhar o infectado pelo vírus que faz o tratamento. “Ele [linkador] assina um termo de autorização com o portador para incentivá-lo a coletar exames, acompanhá-lo, saber se foi a unidade de saúde, a uma consulta”, diz. A meta, neste caso, é não deixar que a pessoa que está em tratamento abandone a medicação e as medidas de controle da doença, o que, se ocorrer, pode prejudicar a imunidade do organismo.