Futuro de área no Pilarzinho ainda é incerto
Com capacidade para 30 mil pessoas, a Pedreira Paulo Leminski, no bairro Pilarzinho, não recebe grandes shows desde agosto de 2008, quando o palco foi ocupado pela última vez em apresentação da banda de pagode Inimigos da HP.
Frequentadores reclamam de insegurança e abandono
Quem anda pela estrada que corta o Parque Municipal do Iguaçu e dá acesso ao Zoológico sabe o quanto a área está abandonada. Buracos e falta de sinalização fazem parte do percurso. Além disso, nos dias quentes, um mau cheiro toma conta do local. E, sempre que o sol começa a se pôr, a tranquilidade dá vez à insegurança.
Fora da rota dos grandes shows desde que a Pedreira Paulo Leminski foi interditada judicialmente, em agosto de 2008, Curitiba pode ganhar até o ano que vem um novo espaço, do mesmo porte, para voltar a receber grandes nomes da música nacional e internacional. Um estudo técnico em andamento no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) avalia a possibilidade de o Parque Municipal do Iguaçu, no bairro Alto Boqueirão, receber uma arena em um projeto de revitalização da área, que também engloba o Parque Náutico e o Zoológico.
A proposta já existe desde 2008, segundo o diretor de parques e praças da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Sérgio Tocchio. A previsão é que o Ippuc apresente um projeto final até o primeiro bimestre de 2011. Só a partir disso, a prefeitura poderá iniciar um processo de captação de recursos para a viabilização das obras. "Acho que é viável [a criação de uma arena de shows]. Essa é uma necessidade latente. Mas o Ippuc vai agrupar várias ideias em um plano maior", afirma Tocchio. Entre elas, transformar o local em um novo centro cultural e esportivo. "Temos grandes atletas aqui, mas não temos espaço e nenhum apoio maior", aprova o vereador Caíque Ferrante (PRP), que tratou do tema durante sessão na Câmara Municipal. Ele considera o local ideal para criar um centro de excelência para a prática do triatlo modalidade esportiva que engloba corrida, ciclismo e natação.
Discussão ambiental
A ambientalista Zuleica Nycz, diretora da organização não governamental Toxisphera, que atua na área de saúde ambiental, considera agressiva a iniciativa de erguer uma arena cultural no local. "O único estudo admissível é o de como preservar melhor a área. Existem outras prioridades. Você acaba privatizando o espaço para alguns eventos. A priori, eu acho terrível", critica. No entanto, ela ressalta que é preciso verificar como o parque se enquadra dentro do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) para saber quais os limites da revitalização.
Já o advogado ambientalista Vitório Sorotiuk considera importante ter o projeto pronto para avaliá-lo. "Alguns parques têm áreas em que alterações são permitidas. É preciso saber a localização [das obras], o manejo [dos recursos naturais] e a regulamentação [o projeto] para emitir opinião", pondera.
De acordo com a secretaria, o Parque do Iguaçu tem um plano de zoneamento que conta com áreas de preservação, recuperação e recreação. "Começamos a pesquisar e existem áreas com a possibilidade de receber estacionamento e a estrutura", conta Tocchio. Um espaço ladeado pela Avenida Marechal Floriano Peixoto e pela linha férrea, do lado direito para quem sai de Curitiba, é o apontado para receber grandes eventos culturais. "Ali a gente entende que é possível montar uma estrutura", complementa.
Apesar de ter a finalidade de preservar a fauna e flora local, o parque não é uma unidade de preservação nos moldes do Snuc, como os parques de Vila Velha, Guartelá e Nacional do Iguaçu, no interior do Paraná. É o que explica o advogado ambientalista Rafael Filipin, coordenador jurídico da Liga Ambiental. Ele conta que os parques de Curitiba são lineares, com a função de preservar fundos de vale e conter enchentes. "A princípio, vejo a proposta com bons olhos. Se puder casar conservação com práticas culturais, ela é bem vinda. Os parques são espaços que têm de ter a visitação e a prática de esportes estimuladas", considera.
Filipin acrescenta que a construção de uma arena cultural no Parque Iguaçu poderia ser impedida se a área tivesse um ambiente extremamente frágil ou com espécies de animais ameaçadas de extinção.
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