"Pela graça de Deus, sou o que sou. Sou eu. E sou feliz!", assim Dom Pedro Antônio Marchetti Fedalto, arcebispo de Curitiba durante 33 anos, resume o que sente na data em que comemora os seus 80 anos de vida. Personalidade de destaque em todos os setores da Igreja Católica no Paraná, o arcebispo emérito de Curitiba divide as orações do dia de hoje com as comemorações preparadas especialmente para ele.
A Arquidiocese de Curitiba, hoje sob a batuta de Dom Moacyr Vitti, organizou cronograma especial para lembrar as oito décadas de vida de Dom Pedro. Às 12 horas, ocorre a missa de Ação de Graças, na Catedral Basílica de Curitiba. Logo após, um almoço em Santa Felicidade dá seqüência às comemorações. Às 16 horas, haverá uma cerimônia de homenagem ao aniversariante na Cúria Metropolitana da capital, e às 18 horas Dom Pedro inaugura a Obra Memorial Dom Pedro, no Seminário São José, no qual serão expostos objetos pessoais e de trabalho do arcebispo emérito.
Emérito quer dizer aposentado. Porém, a aceitação da renúncia de Dom Pedro Fedalto pelo Papa João Paulo II só ocorreu três anos depois do pedido. Na Igreja, isso é considerado sinal de prestígio. "Prestígio para mim é servir a Deus e ao povo, trabalhar junto aos seminaristas e aos padres", rebate Dom Pedro.
Menino simples, nascido em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, filho de pais italianos, agricultores e muito católicos, Pedro foi chamado ao seminário aos 13 anos. Um professor da época olhou para ele e disse: "Você tem de ser padre". Ele aceitou. "No começo foi difícil, pois sentia muita saudade da família, mas depois me adaptei", revela.
No Seminário São José, em Curitiba, ele ficou até os 21 anos, quando foi para São Paulo estudar Filosofia e Teologia. Aos 27, foi ordenado padre da Catedral Basílica de Curitiba. A indicação para arcebispo da capital veio em 1970, quando foi aceita pelo Papa. "Ser arcebispo é mais do que uma honra, é serviço, é responsabilidade de ser um profeta de Deus, anunciar a Sua palavra, abençoar as pessoas, ser o pastor do Seu rebanho", define.
Durante os 33 anos em que esteve à frente da maior instituição religiosa do Paraná, Dom Pedro Fedalto só fez admiradores. Hoje ele é tão lembrado quanto poetas, políticos e grandes nomes da história estadual. "Curitiba é uma grande cidade, muito acolhedora, com pessoas que a enriquecem ainda mais", afirma o religioso, que ordenou 164 padres e reconheceu a formação de 76 paróquias e congregações.
Atualmente, ele divide seu tempo entre o auxílio a Dom Moacyr e a assistência a outros setores da Igreja. Sobre os desafios do século 21, Dom Pedro é incisivo: "Falta amor e dignidade nas famílias, falta educação aos jovens, e a violência é o resultado disso", observa.
Do alto dos seus 80 anos, Dom Pedro Fedalto revela sua maior alegria: "ser padre!". E faz um pedido aos curitibanos. "Meu maior presente é ver todos trabalharem em favor da família, pois a salvação do mundo está na família", arremata.