Mariana Moretão com os filhos Gustavo (à esquerda) e Guilherme, que recebeu a medula do irmão| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O Hospital Pequeno Príncipe inaugurou ontem uma nova ala, dedicada ao transplante de medula óssea (TMO). Com 175 metros quadrados e três leitos, a unidade terá capacidade de fazer até 30 procedimentos ao ano, atendendo usuários do Sistema Público de Saúde (SUS), convênios e particulares. Com isso, o hospital espera atender à maior parte da demanda interna e reduzir o encaminhamento de pacientes para outras instituições que fazem esse tipo de cirurgia.

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Segundo avaliação da equipe médica do Pequeno Príncipe, porém, o déficit de vagas para o transplante de medula na rede pública de saúde não será extinto em Curitiba. Somente na capital paranaense, cerca de 200 pacientes – entre crianças e adultos – aguardam pelo procedimento, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de TMO. "Nossa prioridade serão os pacientes infantis internos. Mas o SUS pode nos mandar pessoas de outras localidades", explica o hematologista Eurípedes Ferreira, coordenador da área de TMO do Pequeno Príncipe.

Dados do Ministério da Saúde apontam a realização de 1,7 mil operações desse tipo no Brasil. Número abaixo da demanda estimada pela Sociedade Brasileira de TMO, que é de 2,5 mil transplantes anuais.

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A unidade de transplante passará a operar imediatamente. Atualmente, o hospital tem quatro pacientes sendo preparados para o procedimento. A direção do hospital avalia que, com a unidade cirúrgica, as crianças poderão passar todas as etapas do tratamento na instituição, minimizando dificuldades de adaptação clínica e psicológica.

A bióloga Mariana Moretão, mãe de um paciente submetido ao transplante, avalia que a transferência para outro hospital dificultou o processo pelo qual passou o filho Guilherme, hoje com 7 anos. "Ele foi submetido a um estresse que poderia ser evitado caso o tratamento fosse todo aqui no Pequeno Príncipe", avalia.

Financiamento

No total, foram investidos R$ 1,05 milhão na nova ala. Os recursos foram levantados por uma rede filantrópica formada por 34 empresas e 124 pessoas físicas, algumas delas beneficiadas por transplantes de medula. É o caso do engenheiro civil Danilo Hauser, que se submeteu ao procedimento em 2008, após ser diagnoasticado com mieloma – um tipo de câncer que afeta a medula.

Ety Cristina Forte Carneiro, diretora executiva do hospital, estalece como próximo desafio garantir recursos para manutenção do novo serviço. "Im­­plantar foi a primeira etapa. A partir de agora, precisaremos de aproximadamente R$ 1 milhão ao ano para seguir atendendo os pacientes com qualidade", estima.

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