A Grande Curitiba consolidou seu poder de atração no Norte do estado, tradicionalmente um reduto paulista, e hoje exerce influência em todo o Paraná e em parte de Santa Catarina. Estão na área de influência de Curitiba 666 municípios, com 16,178 milhões de habitantes 63% a mais que a população do Paraná (10,284 milhões). Os dados estão no estudo "Regiões de Influência das Cidades", divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo agregou informações referentes à presença de órgãos públicos, sedes de grandes empresas e opções de educação, saúde, lazer, compras e transporte.
Curitiba é uma das 12 metrópoles brasileiras e divide com Porto Alegre a condição de principal cidade da Região Sul do Brasil. "São cidades com números muito parelhos. Não dá para colocar uma na frente da outra. Elas têm influência em seus estados e exercem grande atração sobre Santa Catarina", explica Ivone Lopes, geógrafa do IBGE e uma das coordenadoras da pesquisa.
Segundo ela, o grande diferencial de Curitiba percebido na pesquisa foi a consolidação da capital na Região Norte do Paraná. A primeira pesquisa do tipo, realizada há exatos 40 anos, mostrava uma área totalmente associada à influência paulista, com praticamente nenhum vínculo com Curitiba. "Até o acesso de Curitiba a esses municípios era difícil. A região era como paulista", diz Belmiro Valverde, ex-secretário de Planejamento do Paraná e professor do doutorado em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
A influência paulista continua, mas cidades classificadas pelo IBGE como capitais regionais, casos de Londrina e Maringá, passaram a ter em Curitiba uma referência. A pesquisa mostra, por exemplo, que depois de São Paulo é Curitiba a cidade que mantém maior relacionamento empresarial com Londrina. "E a influência não é só econômica. Ela é sociocultural", ressalta Ivone.
Santa Catarina
Da mesma maneira, a influência curitibana se faz presente em todo estado de Santa Catarina, incluindo a capital Florianópolis e Criciúma, no Sul do estado. De acordo com os indicadores do IBGE, a rede de municípios relacionados a Curitiba é uma das mais estruturadas do Brasil. O Índice de Primazia da capital paranaense é de 8,9, seis vezes menor que o índice de Manaus, o maior dentre as metrópoles brasileiras. Na prática, segundo Ivone, o índice demonstra uma maior autonomia das cidades menores em relação à metrópole. "As cidades médias, que tenham importância local, apresentam uma boa infra-estrutura." Graças a essa autonomia, Curitiba é a metrópole que apresenta a menor distância média de acesso a serviços de saúde, cursos superiores e aeroportos.
Nacionalmente, outras novidades percebidas na pesquisa foram o fortalecimento de Brasília e Manaus e o surgimento de centros urbanos que emergiram nas últimas quatro décadas, localizados, principalmente, nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, no Oeste do Amazonas e no Sul e Leste do Pará. Também destaca-se, embora com menor intensidade, a ascensão de capitais do Nordeste (São Luís, Teresina, Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju) e de novos centros no Maranhão e no Piauí. A rede de Fortaleza também cresceu e passou a ocupar o mesmo patamar do Recife.