"Esta cidade me deu tudo que eu sou"
O consultor de marketing Ernani Buchman é um exemplo prático da influência curitibana em Santa Catarina. Ele nasceu em Joinville, mas se considera mais curitibano do que muitas pessoas que nasceram na capital paranaense. Buchman veio para Curitiba com a família quando tinha 10 anos, pois o pai havia conseguido um emprego melhor. Os 49 anos vividos na capital deram ao consultor uma paixão pelo time do Paraná Clube e uma vaga na Academia Paranaense de Letras. "Esta cidade me deu tudo que eu sou. Falo como as pessoas daqui e minhas referências estão aqui. Sou um produto desta sociedade".
SP é a grande referência até para cidades da Amazônia
Rio de Janeiro - Até Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) pertencem à região de influência de São Paulo, o grande centro urbano de comando do país. Há 40 anos, as duas capitais da região Norte estavam subordinadas diretamente a Belém (PA) e a Manaus (AM). O estudo divulgado ontem pelo IBGE mostra que os 1.028 municípios que compõem a rede da metrópole paulista concentram 28% da população brasileira e 40,5% do PIB nacional.
A terceira em domínios de internet
Curitiba é a terceira cidade do Brasil em número de domínios de internet registrados. Segundo o IBGE, em 2005, a cidade contava com 31.633 endereços registrados na rede, perdendo apenas para o Rio de Janeiro e para São Paulo, respectivamente com 73.209 e 243.927. Segundo Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Br, responsável pelo comitê gestor de internet no Brasil, a colocação da capital paranaense não é uma novidade. "Curitiba é tradicionalmente um dos pontos mais ativos na transmissão de dados na rede. Muitas vezes supera o próprio Rio de Janeiro." De acordo com a pesquisa, 40% dos municípios não tinham nenhum domínio. Essas cidades estão localizadas principalmente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
A Grande Curitiba consolidou seu poder de atração no Norte do estado, tradicionalmente um reduto paulista, e hoje exerce influência em todo o Paraná e em parte de Santa Catarina. Estão na área de influência de Curitiba 666 municípios, com 16,178 milhões de habitantes 63% a mais que a população do Paraná (10,284 milhões). Os dados estão no estudo "Regiões de Influência das Cidades", divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo agregou informações referentes à presença de órgãos públicos, sedes de grandes empresas e opções de educação, saúde, lazer, compras e transporte.
Curitiba é uma das 12 metrópoles brasileiras e divide com Porto Alegre a condição de principal cidade da Região Sul do Brasil. "São cidades com números muito parelhos. Não dá para colocar uma na frente da outra. Elas têm influência em seus estados e exercem grande atração sobre Santa Catarina", explica Ivone Lopes, geógrafa do IBGE e uma das coordenadoras da pesquisa.
Segundo ela, o grande diferencial de Curitiba percebido na pesquisa foi a consolidação da capital na Região Norte do Paraná. A primeira pesquisa do tipo, realizada há exatos 40 anos, mostrava uma área totalmente associada à influência paulista, com praticamente nenhum vínculo com Curitiba. "Até o acesso de Curitiba a esses municípios era difícil. A região era como paulista", diz Belmiro Valverde, ex-secretário de Planejamento do Paraná e professor do doutorado em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
A influência paulista continua, mas cidades classificadas pelo IBGE como capitais regionais, casos de Londrina e Maringá, passaram a ter em Curitiba uma referência. A pesquisa mostra, por exemplo, que depois de São Paulo é Curitiba a cidade que mantém maior relacionamento empresarial com Londrina. "E a influência não é só econômica. Ela é sociocultural", ressalta Ivone.
Santa Catarina
Da mesma maneira, a influência curitibana se faz presente em todo estado de Santa Catarina, incluindo a capital Florianópolis e Criciúma, no Sul do estado. De acordo com os indicadores do IBGE, a rede de municípios relacionados a Curitiba é uma das mais estruturadas do Brasil. O Índice de Primazia da capital paranaense é de 8,9, seis vezes menor que o índice de Manaus, o maior dentre as metrópoles brasileiras. Na prática, segundo Ivone, o índice demonstra uma maior autonomia das cidades menores em relação à metrópole. "As cidades médias, que tenham importância local, apresentam uma boa infra-estrutura." Graças a essa autonomia, Curitiba é a metrópole que apresenta a menor distância média de acesso a serviços de saúde, cursos superiores e aeroportos.
Nacionalmente, outras novidades percebidas na pesquisa foram o fortalecimento de Brasília e Manaus e o surgimento de centros urbanos que emergiram nas últimas quatro décadas, localizados, principalmente, nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, no Oeste do Amazonas e no Sul e Leste do Pará. Também destaca-se, embora com menor intensidade, a ascensão de capitais do Nordeste (São Luís, Teresina, Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju) e de novos centros no Maranhão e no Piauí. A rede de Fortaleza também cresceu e passou a ocupar o mesmo patamar do Recife.
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