Curitiba iniciou nesta quarta-feira (27) uma caminhada importante para mudar a cultura do trânsito e alcançar um objetivo que pode salvar vidas: um pacto pelo respeito mútuo entre ciclistas e motoristas de ônibus de Curitiba. Para isso, a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), a Urbanização de Curitiba (Urbs) e a Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu realizaram a primeira capacitação com especialistas para tentar paralisar a rixa entre ciclistas e os motoristas. Segundo o coordenador de mobilidade urbana da Setran, Danilo Herek, o objetivo é aumentar o treinamento com os motoristas. "Essa capacitação de hoje é a porta para começar a discutir esse tabu", afirmou. De acordo com Herek, as capacitações deverão pavimentar o caminho para conseguir um compartilhamento das canaletas de ônibus e das ruas de Curitiba com os ciclistas.
"Disso aqui vamos sentir quais as ideias viáveis para cidade. Há vários países que a canaleta exclusiva de ônibus é usada pelos ciclistas sem restrições", comenta. Neste primeiro treinamento, participaram funcionários da Setran, Urbs, entre outros. Os motoristas, apesar de terem sido convidados, não aderiram.
Entre os palestrantes esteve o consultor de mobilidade urbana, de São Paulo, André Pasqualini. Ele é um dos responsáveis pela queda no número de mortes de ciclistas no trânsito paulista. Segundo ele, já realizou treinamentos para mais de 30 mil motoristas na capital paulista e conseguiu, por meio da mudança cultural, reduzir a quase 70% das mortes de ciclistas entre 2009 e 2011. Pasqualini defende a mudança de atitude a partir das referências do trânsito.
"O motorista tem uma responsabilidade grande e não é valorizado pela sociedade. O que eu fiz foi mostrar que esse profissional é o motorista diferenciado, ao contrário do que estão nos carros. O ciclista também precisa entender o outro lado", explicou Pasqualini. Segundo ele, os motoristas dos ônibus devem dar o exemplo. "O ciclista é o lado mais fraco dessa guerra no trânsito, ao lado do pedestre. Ao invés de ter uma guerra, eles viraram parceiros. No final, os motoristas param de reclamar dos ciclistas porque acabam vendo que têm o poder nas mãos, são os mais fortes", conta.
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