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Antes: Indígenas e outros mendigos  no  Viaduto Capanema, dias antes de sua retirada pela FAS. | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Antes: Indígenas e outros mendigos no Viaduto Capanema, dias antes de sua retirada pela FAS.| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

CONTROLE

A prefeitura pretende ampliar o controle dos usuários das estruturas de albergue para moradores de rua. O poder público deve passar a ter uma ficha de controle para saber quem é morador de rua e atender somente esse público. “Antes muitas pessoas que tinham casa, mas moravam em locais afastados acabavam dormindo no albergue da Conselheiro Laurindo, por exemplo”, afirma a diretora Ângela Mendonça. Ela afirma ainda que outros espaços devem ser abertos ao longo ano em diferentes bairros para atender essa população.

Até o fim deste mês, a Central de Resgate Social da Rua Conselheiro Laurindo será completamente desativada em Curitiba. Com o fechamento das 230 vagas do albergue destinado a moradores de rua, a prefeitura da capital muda o sistema de atendimento a esse público. O objetivo é descentralizar o trabalho com estruturas menores e atenção individualizada. Assim, os espaços de atendimento e acolhimento da população masculina, feminina, idosa, LGBT e de crianças e adolescentes vão funcionar em seis endereços diferentes na cidade (veja nesta página).

Estrutura

A maioria das unidades terá condição de hospedar mais que 70 pessoas. Na Central, o município tem cerca de 500 vagas de hospedagem noturna. A desativação do serviço obriga o poder público a encontrar outros espaços.

Vagas

Confira as unidades em funcionamento:

Unidade Rebouças

70 vagas.

Unidade Plínio Tourinho

70 vagas.

Unidade Boqueirão

25 vagas.

Casa das Mulheres

50 vagas (a ser inaugurada). Também contempla público LGBT.

Condomínio Social

70 vagas.

Casa de Passagem

200 vagas (a ser inaugurada).

Em parceria com a Confederação Evangélica de Assistência Social do Paraná, uma Casa de Passagem na Avenida Getúlio Vargas deve ter acolhimento noturno para 200 pessoas. A estrutura ainda não está funcionando.

Uma casa para os indígenas na capital

Por dois meses, cerca de 30 famílias indígenas se uniram aos moradores de rua embaixo do Viaduto do Capanema. Sem local ideal para ficar, eles vieram até a capital do estado para vender seus artesanatos. Muitos trouxeram os filhos junto. Ao todo, perto de 100 indígenas acamparam no local.

Leia a matéria completa

O número total de vagas de abrigamento continuará perto de 500 – longe de atender as cerca de quatro mil pessoas que vivem nas ruas da capital, segundo estimativas da própria Fundação de Ação Social (FAS)

A explicação da diretora de Proteção Social Especial da entidade, Ângela Mendonça, é de que o objetivo da descentralização é levar para diferentes locais os serviços de atenção aos moradores de rua. “O atendimento na Conselheiro Laurindo estava horrível. Não podemos tratar as pessoas em condições tão precárias”, afirma. Além disso, Ângela diz que a meta é não superlotar os espaços para a pernoite.

O promotor público Marcos Bittencourt Fowler, que integra o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, acredita que descentralizar o atendimento é a saída para atender melhor esse público. “Com um espaço físico menor é muito fácil ter o controle das pessoas que ali estão e atender as pessoas de forma mais humanizada”, afirma. Ele acredita que é necessário o poder público investir em novos espaços. “A ideia de criar novos centros descentralizados deve continuar e partir para outros locais”, alerta.

Divergência

Apesar de ver com bons olhos a descentralização do atendimento a moradores de rua, o sociólogo Lindomar Bonetti, professor da PUCPR e pesquisador da área, acredita que a estrutura da Central não deveria ser fechada. “Abrir outros locais e levar (o atendimento) para os bairros é importante. Mas a estrutura da Central era grande e poderia ser melhor aproveitada”, afirma.

Outras ações

Outra questão levantada por ele é que não basta que a prefeitura inaugure novos espaços. “É possível ter ações de inserção social nas ruas, com projetos educacionais, culturais e até de trabalho. O poder público tem de ir até essas pessoas. Paralelo a essa descentralização de albergagem é necessário realizar atividades nas ruas”, ressalta o sociólogo.

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