Célia Rodrigues e família separam e preparam todo o lixo: “A partir do momento que tive filhos, percebi que tenho responsabilidade de cuidar do mundo que vou deixar para eles”| Foto: Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Família dá exemplo de consciência

A preocupação ambiental faz parte da rotina diária da família Rodrigues. Para eles, não basta fazer a separação do lixo reciclável. "Eu lavo todas as embalagens antes de jogar no lixo", conta a professora aposentada Célia Virgínia Ramos Rodrigues, 58 anos.

O lixo orgânico também tem uma destinação especial. "Temos duas composteiras (local onde o material orgânico, junto com folhas secas ou grama, pode ser transformado em adubo). Leva cerca de quatro meses para encher cada uma. O material vira composto e eu uso na minha horta", conta. "Nossa família manda pouquíssimo lixo para a Caximba: só papel higiênico mesmo ou pelo de cachorro."

A água também é reutilizada. Primeiro lavam-se as roupas da família, depois as roupas do cachorro. Em seguida, a água vai para a limpeza das calçadas. Na hora de passar roupa, também há regras: primeiro as peças mais leves. Só com o ferro mais quente, então, é a vez dos tecidos mais pesados. "A partir do momento que tive filhos, percebi que tenho responsabilidade de cuidar do mundo que vou deixar para eles", diz Célia. (TC)

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Modelo

Vejas as principais ideias que serão apresentadas no Seminário de Sustentabilidade:

Itália

Condomínio custo zero de carbono – não há conta de luz, nem água e ainda contribui para a melhoria do meio ambiente.

Portland (EUA)

Considerada uma das dez cidades mais sustentáveis do mundo, restringiu a área urbana e a possibilidade de crescer.

Thirasia (Grécia)

Ilha com pouco mais de 300 habitantes e seu plano de desenvolvimento sustentável.

Sustentabilidade em Curitiba

Pontos positivos

Coleta seletiva de lixo, legislação para destinação dos resíduos da construção civil, transporte público e ciclovias.

Pontos negativos

Uso racional da água, uso racional da energia e trânsito.

Curitiba, capital ecológica. O slogan acompanhou a cidade por anos e até lhe trouxe fama internacional. Mas o tempo passou e as ações que fizeram do município um modelo de reconhecimento começaram a perder os holofotes. Hoje, o título já não é unanimidade. De acordo com especialistas, a cidade ainda é um dos melhores exemplos do país, mas a projeção mundo afora parece ter diminuído. Para manter o título, a prefeitura de Curitiba trabalha em ações que podem tornar a cidade mais sustentável – quando a sociedade é capaz de ter suas necessidades atendidas e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.

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De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, Curitiba ainda não pode ser considerada uma cidade sustentável, mas está no caminho. Segundo ele, as áreas verdes (18% do município), o transporte coletivo, o tratamento dado ao lixo e o engajamento da população são pontos a favor. Por outro lado, o calcanhar de Aquiles é a falta de sustentabilidade em relação aos recursos hídricos. "Nosso plano é fazer uma reversão em relação a isso, com regularizações fundiárias, fiscalização do esgoto, entre outros", diz Andreguetto.

Hoje, aliás, formas de tornar Curitiba uma cidade mais sustentável serão discutidas no 1º Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo. No evento, que ocorre até amanhã, no Cietep, ideias que deram certo em cidades americanas, europeias, asiáticas e do Oriente Médio serão apresentadas em Curitiba e podem inspirar profissionais daqui.

"O objetivo do evento é trazer vários profissionais de fora e que os conteúdos passados possam servir para os profissionais daqui", diz o arquiteto e presidente da Associação Brasileira dos Escritório de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR), Gustavo Pinto. Edson Yabiku, gerente de projetos de Norman Foster & Partners (maior escritório de arquitetura do mundo); Edwin Rodríguez Ubiñas, da Universidad Politecnica de Madrid; Luca Bertacchi, gerente de projetos de Mario Cucinella Architects; e Sandro Tubertini, da BDSP Parnership estão entre os palestrantes.

Para o arquiteto e coordenador do evento, Dalton Vidotti, Curitiba tem pecado com a falta de inovação. "Curitiba foi inovadora de início, mas isso não tem mais acontecido. A percepção é que diminuiu a preocupação com questões ambientais. Educação ambiental tem de ser contínua. Não pode parar", opina. É esse ponto que o programa municipal Biocidades pretende atacar, segundo Andreguetto. "A intenção é inserir práticas para que as pessoas levem para as suas casas conceitos ambientais. A ideia não é uma cidade sustentável, mas uma sociedade sustentável", explica o secretário.

Para isso, talvez exista ainda um longo caminho pela frente, segundo especialistas. "Em relação ao resto do mundo, Curitiba tem muito o que evoluir", opina o coordenador do mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Maurício Dziedzic. "Curitiba está na frente em relação a outras cidades do Brasil, mas em comparação com o resto do mundo, não mais", diz Vidotti. A coleta de lixo seletiva e as áreas verdes da cidade são citadas por especialistas como ícones para Curitiba, mas questões como uso racional de água e energia elétrica deixam a desejar, segundo eles.

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Serviço

O 1º Simpósio Internacional de Sustentabilidade de Arquitetura e Urbanismo acontece hoje e amanhã, no Cietep (Avenida Comendador Franco, 1341). Mais informações no site www.simposiosustentabilidade.com.br.

Na sexta-feira, Dia Mundial do Meio Ambiente, leia o suplemento especial da Gazeta do Povo, que vai mostrar o que cidadão pode fazer para promover o desenvolvimento sustentável.