Por causa do aumento da demanda nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), a prefeitura de Curitiba propôs ampliar o número de leitos destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais que compõem a rede de urgência e emergência da capital. A intenção é garantir a reserva de 20 leitos para cada uma das oito UPAs (os antigos Centros Municipais de Urgência Médica) existentes a partir de outubro, quando é feita a renovação dos contratos com os hospitais. Entretanto, a iniciativa encontra resistência entre as instituições, que alegam que a medida precisa de mais estudos antes de ser implantada.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde de Curitiba, o número de internações nas UPAs em julho aumentou cinco vezes em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já o total de atendimentos chegou à marca de 102 mil no mesmo mês, alta de 41% em relação a julho de 2012. A forte procura, formada por pacientes de Curitiba e região metropolitana, tem gerado muitas filas nas unidades.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda, cada hospital que compõe a rede de urgência e emergência terá de destinar 20 leitos para a UPA mais próxima, totalizando 160 leitos de retaguarda. O Hospital Zilda Arns, por exemplo, já foi incumbido de atender à demanda da UPA do Pinheirinho. Massuda afirmou que não é preciso investimento em nova estrutura. "Basta uma reorganização dos leitos que existem atualmente. Isto é, não podem mais ser usados para cirurgias eletivas, o que ocorre às vezes."
A gestão ficará a cargo da Central de Leitos, que vai organizar a oferta e a demanda. "Se o Zilda Arns estiver com leito vago, por exemplo, e uma UPA de outra região estiver precisando, será feito o encaminhamento", explicou Massuda. Segundo ele, a estratégia é fundamental para reduzir o tempo de espera dos pacientes nas unidades de pronto atendimento. "Não houve incremento na produção de hospitais para dar conta do aumento da demanda da cidade e dos municípios vizinhos. Muitos desses pacientes acabam indo para a UPA, ficam lá aguardando."
Leitos de UTI
A oferta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também é deficitária, diz o secretário. Segundo ele, há 266 leitos cadastrados para atendimento ao SUS, mas a prefeitura pretende contratar outros 30 até o fim deste ano.
A secretaria pretende ainda ampliar as equipes de atendimento domiciliar nas unidades. "Hoje temos dez equipes de atenção domiciliar em Curitiba, que já estão absorvendo pacientes da UPAs. A meta é reduzir o tempo de permanência e espera na unidade, seja pelo encaminhamento para um hospital ou com o atendimento em casa."
Prevista no PAC, a construção de unidades novas segue em ritmo lento
Pelo ritmo dos repasses da União não será possível cumprir a promessa feita pela presidente Dilma Rousseff de ampliação da rede de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) no país. O projeto foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC) em 2011, e previa o investimento de R$ 2,6 bilhões até 2014. No entanto, entre janeiro e agosto de 2013, não foi feito nenhum empenho (reserva de recursos no orçamento) para a implantação de mais UPAs.
Os relatórios de execução de despesa do governo federal revelam que, entre 2011 e 2012, foram investidos apenas R$ 480,1 milhões, ou 18% do total. Para cumprir a meta até o fim de 2014, o Planalto teria de quintuplicar o desembolso mensal para o programa.
A meta era criar 500 novas UPAs em todo o Brasil, das quais 17 no Paraná. No estado, 11 projetos ainda não saíram do papel. As únicas unidades concluídas, segundo o balanço mais recente, divulgado em abril, eram as de Ponta Grossa e Toledo. Outras quatro estavam em obras.
Hospital de Clínicas
Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde pretende instalar a nona UPA da cidade em área anexa ao Hospital de Clínicas, no Alto da Glória. O protocolo de intenções já foi assinado com a Universidade Federal do Paraná, gestora do local, mas será preciso aguardar pelo repasse de dinheiro da União.