Benefícios
Em São Paulo, após faixas exclusivas velocidade dos ônibus aumentou 46%
A implantação das faixas exclusivas em São Paulo foi compromisso de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT). Desde fevereiro, foram instalados mais 235,4 quilômetros, superando a meta estipulada para o primeiro ano de mandato, que era de 220 quilômetros. Com isso, a capital paulista conta hoje com 358,8 km de faixas exclusivas e ainda deve ganhar mais 150 até 2016.
Essas medidas já estão dando resultado: a velocidade média dos ônibus subiu quase 46%, passando de 14,3 km/h para 20,8 km/h, e o objetivo é alcançar os 25 km/h. "O que se busca é o compartilhamento democrático da ocupação do sistema viário pelos mais diversos modais: ônibus, carros, motocicletas e bicicletas", diz a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em nota.
A lógica da CET é simples: um ônibus biarticulado transporta, em média 190 pessoas, enquanto um automóvel de passeio leva 1,4 pessoa num dia útil. "O objetivo da medida é focar nos deslocamentos de massa", resume o órgão.
Proposta
Esta não é a primeira vez que um projeto de faixa exclusiva é analisado pela Urbs. Como parte do contrato de concessão, as empresas que operam o transporte em Curitiba apresentaram um projeto com sugestões para a melhoria do transporte coletivo. Entre essas sugestões estavam a adoção de mais canaletas de ônibus e também de faixas exclusivas. O projeto previa 14,1 quilômetros de canaletas e 3,15 quilômetros de faixas exclusivas, principalmente na região central. Segundo a Urbs, um dos impeditivos do projeto sair do papel foi a falta de previsão de custos para implantação dessas intervenções.
R$ 70 mil é o custo de implantação por quilômetro das faixas exclusivas para ônibus em São Paulo. Até agora, já foram gastos cerca de R$ 12 milhões na criação dessas vias. A prioridade ao transporte coletivo gerou reclamação por parte de motoristas, já que em alguns pontos e dias, os congestionamentos aumentaram. Por outro lado, a velocidade média dos ônibus subiu, de 14,3 km/h para 20,8 km/h.
Depois de anos na vanguarda das soluções em mobilidade urbana, Curitiba tem assistido aos avanços obtidos por outras cidades, que evoluíram o seu próprio sistema de transporte. Se Bogotá, na Colômbia, deu um passo adiante com a multiplicidade de linhas de BRT, agora é São Paulo que dá o novo exemplo: em menos de um ano, os paulistanos implantaram mais de 230 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. Alternativa que deve ser seguida pela capital paranaense, que pretende dobrar a extensão de canaletas e vias para ônibus saindo dos atuais 81 quilômetros para 165.
Os projetos incluem a liberação de R$ 408 milhões da União, a fundo perdido, para obras na Linha Verde, ampliação da rede de linhas BRT e o novo anel da linha Inter 2. Além disso, Curitiba prepara outros projetos para fazer 16 quilômetros de faixas exclusivas na região central (veja infográfico).
INFOGRÁFICO: Veja as propostas de ampliação das vias exclusivas
O pacote de mobilidade com verbas federais prevê a implantação de mais 68 quilômetros de canaletas ao sistema. Outros 28 quilômetros de vias expressas devem passar por adequações, principalmente para permitir a passagem dos "Ligeirões". "O mais importante a considerar é que as faixas permitem aumento da velocidade média e, principalmente, vêm ao encontro do princípio de priorização do transporte coletivo", diz o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior.
A Urbs já encomendou a elaboração de projetos executivos de faixas exclusivas para cinco vias da capital. As escolhas foram feitas tendo como base o tamanho da rua, a capacidade de tráfego e o volume de passageiros transportados nos ônibus que trafegam na região.
Por enquanto, a prefeitura estuda implantar essas faixas em dois novos eixos e também expandir um que já existe. As novas faixas devem ficar nas avenidas Getúlio Vargas e Iguaçu, no trecho entre o Centro e o bairro Seminário, e nas ruas Conselheiro Laurindo e João Negrão, no trecho entre o Prado Velho próximo ao Teatro Paiol e o Terminal Guadalupe. Além disso, a Rua Alferes Poli terá seu trecho de faixa exclusiva ampliado (veja infográfico).
Ainda não há previsão de custo da implantação das novas faixas, que demandarão obras complementares como a requalificação de calçadas e pontos de ônibus. A intenção é buscar verbas perante o governo federal, com base nos projetos elaborados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
NTU propõe financiamento para projetos
A experiência exitosa de São Paulo pode ser estendida para outras capitais e cidades de mais de 500 mil habitantes, no que depender da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). De acordo com o diretor administrativo e institucional da entidade, Marcos Bicalho, a associação vai apresentar uma proposta ao governo federal para a criação de linhas de financiamento simplificadas para esse tipo de projeto.
O "Programa Emergencial da Qualificação do Transporte Público por Ônibus" será lançado amanhã e conta também com o manual "Faixas Exclusivas experiências de sucesso" que apresenta critérios técnicos, desenhos urbanos e os principais resultados operacionais dessa medida em cidades como São Paulo e Goiânia. "É uma solução muito simples e há aumento significativo de velocidade. Com isso, você consegue atender pelo menos a um dos pleitos dos usuários, que é o tempo de viagem", argumenta Bicalho.
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