Enquanto o Brasil, inclusive Curitiba, discute projetos para a implantação de sistemas de car sharing com carros elétricos, uma tecnologia ainda mais inovadora bateu à porta da capital paranaense na última quarta-feira (2). A cidade recebeu uma comitiva do Instituto de Energia de Transição Vedecom e do Instituto Cidade em Movimento (IVM), ligado ao primeiro, interessada em conhecer mais de perto o sistema de mobilidade curitibano. Criado em 2000 na França, e no Brasil desde 2006, o IVM foi criado por iniciativa da PSA Peugeot Citroën e se dedica a buscar inovações em mobilidade urbana e outros temas contemporâneos. O grupo foi recebido pelo prefeito Gustavo Fruet e pela vice-prefeita, Miriam Gonçalves, responsável pelo projeto EcoElétrico.
De acordo com Luiza Andrada e Silva, diretora executiva do IVM no Brasil, Curitiba deverá ser palco do primeiro convênio entre os dois institutos e um poder executivo no país. “Curitiba sempre esteve na vanguarda na situação da mobilidade no Brasil e já tem um projeto bem redondo, que é o Ecoelétrico”, afirmou. O projeto da prefeitura de Curitiba colocou veículos elétricos a serviço de parte da frota do município. Estuda -se ainda a abertura de uma licitação para implantação de um projeto de car sharing na cidade. O executivo municipal ainda não se manifestou sobre a proposta de parceria. Ainda não há data para o início dos testes.
Para driblar o alto investimento que cerca o desenvolvimento de um carro autônomo, a ideia do Vedecom é agregar o maior número possível de países na pesquisa. Nesta quinta-feira (3), por exemplo, o instituto também participou de um evento no Techno Park, em Campinas. Lá estavam presentes também representantes do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (MG), que já assinou um convênio de cooperação técnica com o instituto francês.
Testes
Na França, o Vedecom dispõe de um espaço onde desenvolve o projeto – inclusive com uma pista para teste. A ideia é que o projeto não seja apenas para transporte individual, mas que ele venha acompanhado de uma mudança comportamental da sociedade. Para isso, o instituto também estuda, além do próprio desenho do veículo, questões jurídicas, do território e do abastecimento.
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“No Brasil, existe um grande desafio jurídico. Além do fato de o país ter muitas agências que se cruzam em algumas funções e divergem em outras. Essa burocracia será um obstáculo. Mas o principal desafio, certamente, será a quebra do paradigma da posse individual. Fazer as pessoas aceitarem que elas serão usuárias de um serviço de transporte e não proprietárias de carros”, resumiu a diretora do IVM no país.
Participaram do encontro em Curitiba, o diretor-geral da Vedecom, Antoine Mullender, e a Secretária Geral do Instituto Cidade em Movimento em Paris, Mireille Apel-Muller. Em sua apresentação, o IVM afirmou desenvolver ações em mais de 20 países, com o objetivo de desenvolver cenários para o futuro. No Brasil, esse instituto é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), com sede na cidade de São Paulo.
Pelo mundo
O IVM não é a única entidade com pesquisas sobre a mobilidade autônoma em andamento. O Google, por exemplo, tem trabalhado com o Instituto IBM, a Continental e também a Nissan e a Tesla Motors em diferentes projetos que buscam o desenvolvimento de sistemas autônomos de direção de veículos. Outras montadoras, como GM, Ford, Volkswagen e Toyota também têm seus próprios projetos de carros autônomos.
No mundo, os testes mais sólidos com os primeiros protótipos começaram nos primeiros anos 2000. Em 2012, por exemplo, foi o início da operação oficial do carro autônomo do Google, em Nevada (EUA).