Com a volta às aulas em toda a rede particular e pública na quinta-feira passada, o trânsito de Curitiba atingiu um pico de 134 quilômetros de lentidão às 18 horas daquele dia. Mas os congestionamentos também foram grandes antes mesmo do início do ano letivo. Entre 28 de janeiro e 1.º de fevereiro, a capital registrou uma média de 104,2 quilômetros de lentidão por volta das 18 horas, o pior horário para trafegar. Os dados, computados pela empresa MapLink, revelam ainda que o trânsito de Curitiba é pior do que o de Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador.
A MapLink tem se destacado nacionalmente por confrontar dados de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo. A empresa privada usa dados de GPS de rastreamento de veículos e mostra o dobro do trânsito contabilizado pela CET, que monitora apenas algumas regiões usando radares e avaliação de agentes munidos de binóculos. "Recebemos os dados de forma anônima, sem saber de qual carro é. Mas conseguimos saber a velocidade que o veículo faz em determinada via, e, por meio de algoritmos, calculamos se o trânsito está fluindo ou não", explica Frederico Hohagen, diretor comercial da MapLink.
Os dados de Curitiba estão próximos da realidade, segundo a diretora do Departamento de Engenharia da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Guacira Civolani. Ela diz que 28 ruas da região central registram picos de 63 quilômetros de lentidão. "Mas nessa conta não entra o trânsito dos bairros. Considerando que há um grande movimento em avenidas como Toaldo Túlio, Francisco Derosso, Erasto Gaertner etc., pode ser que tenhamos mais de 100 quilômetros de lentidão", observa.
Apesar disso, Guacira diz que o trânsito curitibano está longe de se transformar em um grande caos. "Não há impedimento para que uma pessoa vá de um ponto a outro em 30 ou 40 minutos, pois a lentidão está espalhada. Pode ser que alguns anos atrás esse mesmo trecho fosse feito em 15 minutos, mas o crescimento da frota prejudicou a fluidez", acrescenta.
Comparação
Curitiba é conhecida pelo alto índice de motorização considerando apenas os automóveis, a relação é de meio carro por pessoa. Com essa frota de uso particular pelas ruas, a capital paranaense vem registrando o triplo de lentidão que Belo Horizonte, que tem 620 mil habitantes a mais.
Belo Horizonte é bem servida de táxi e metrô
Enquanto Curitiba tem uma proporção atual de um táxi para cada 788 habitantes, Belo Horizonte tem um veículo para cada 398 moradores. Mesmo com o lançamento de mais 748 placas na capital paranaense em 2013, a relação é uma das piores do Brasil. As diferenças nas frotas de táxi entre as duas cidades ajudam a explicar o fato de Belo Horizonte, cidade maior que Curitiba, registrar menos lentidão no trânsito pelos dados da empresa Maplink. Lá, o pico às 18 horas é em torno de 40 quilômetros de lentidão.
Em Belo Horizonte, há uma linha de metrô que transporta cerca de 215 mil pessoas diariamente. De acordo com Daniel Marx, diretor de desenvolvimento e implantação de projetos da Bhtrans, empresa que opera o trânsito e o transporte na cidade, o sistema é integrado com o ônibus, que tem tarifa de R$ 2,80, já reajustada para este ano.
A capital mineira começou a implantar um sistema de monitoramento de tráfego ainda em 2001. "De lá para cá o sistema foi evoluindo bastante. Ao mesmo tempo, a frota mais que dobrou. Se não houvesse esse sistema, com certeza o trânsito seria muito mais caótico", relata.