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A padaria de Akinori foi assaltada 20 vezes nos últimos 14 anos: “B.O não resolve nada” | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A padaria de Akinori foi assaltada 20 vezes nos últimos 14 anos: “B.O não resolve nada”| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Estratégia

2 mil PMs reforçarão policiamento na capital do estado

Mesmo com dois anos completos de gestão no governo Beto Richa, o comandante em exercício da Polícia Militar do Paraná (PM), coronel César Alberto Souza, afirmou por meio da assessoria de imprensa que o alto número de roubos a pontos comerciais em Curitiba é uma consequência da falta de investimento em gestões passadas. De acordo com a assessoria, o governo atual formará, em março, mais de 2 mil policiais, que reforçarão o policiamento de regiões comerciais. A PM ainda destacou que deve colocar nas ruas ainda neste ano módulos móveis que promoverão mais segurança nas ruas da cidade.

O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Amarildo José Antunes, afirmou que tem reestruturado a unidade e vem realizado, em parceria com a PM, muitas ações para coibir os assaltos. Apesar da afirmação, o delegado informou que concederia entrevista sobre o assunto hoje.

Reação

O capitão da PM Alexandre Stange, aconselha a população a não reagir a assaltos. "Não pode haver reação. A vítima também não pode tentar impedir a fuga ou enganar o criminoso. Ele pode desconfiar e usar violência", afirmou Stange. De acordo com ele, os comerciantes precisam deixar pouco dinheiro em caixa, incentivar o cliente a pagar mais com cartões e manter o estabelecimento protegido com câmeras com gravação. Mais dicas podem ser conferidas no próprio site da PM (www.pmpr.pr.gov.br), no link "Dicas de Segurança". (DR)

Eficácia

A polícia age de forma eficiente no combate a assaltos em estabelecimentos comerciais?

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O 39º assalto à padaria Tutti, no bairro Barreirinha, ocorrido nesta semana em Curitiba chamou atenção para um tipo de crime que tem crescido na capital. O roubo a estabelecimentos comerciais preocupa empresários, que não conseguem trabalhar em paz. A apreensão dos comerciantes é corroborada por um número alarmante. Em Curitiba, ocorre um assalto a comércio a cada duas horas e quarenta minutos. São dez roubos deste tipo registrados por dia. Em 2012, a polícia registrou 3.583 ocorrências, 5% a mais do que em 2011. Os números foram fornecidos pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

A região Sul da capital concentra o maior número de casos, um indício de que a periferia está mais exposta à violência. Os bairros Sítio Cercado (287 ocorrências), Cidade Industrial de Curitiba (266), Pinheirinho (156) e Centro (224) concentram 26% de todos os assaltos. Outros bairros, como Boqueirão, Novo Mundo, Cajuru, Capão Raso, Tatuquara, Água Verde, Portão e Uberaba, também figuram nas primeiras posições do ranking de alvos preferenciais de ladrões em Curitiba.

De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, o alto número nestas áreas de Curitiba demonstra uma vulnerabilidade do ponto de vista do policiamento. "Isso significa que se deve planejar prioritariamente ações nestas regiões. Deve haver políticas públicas de segurança nestas áreas em curto, médio e longo prazos", afirma.

Na avaliação dele, o total de assaltos a comércios no ano passado é muito significativo, já que o roubo é um crime caracterizado pelo uso de violência e pode facilmente virar latrocínio (roubo seguido de morte). "A comparação com o ano anterior mostra que o número praticamente se estabilizou em um patamar alto. Se houve alguma política para coibir este tipo de crime, ela não surtiu efeito prático", ressalta.

Subnotificação

Para o ex-secretário Na­­cional da Segurança Pú­­blica José Vicente da Silva, os números podem ser maiores. "Em caso de comércio não há registro fiel. Metade dos casos acaba não sendo registrada porque a medida é considerada perda de tempo", afirma.

Segundo Silva, o alvo dos assaltos nas periferias é o pequeno comércio, como padarias, mercados e postos de combustíveis que funcionam até a noite sem dispositivos de segurança. Sobre os números curitibanos, ele critica a gestão da segurança pública. "Os números indicam que o trabalho que foi feito não adiantou nada. O que está evidente é a má gestão da segurança pública em Curitiba", comenta.

Na avaliação dele, são necessárias medidas de curto prazo, com um diagnóstico das estratégias de segurança que não funcionaram. "Não precisa de grandes operações, não precisa de UPS. O que tem de ser feito é fortalecer as delegacias e os batalhões que estão nestes bairros", afirma.

Lojistas reclamam de falta resposta da polícia

O proprietário da padaria Tutti, Wilson Nunes da Silveira, não foi o único que teve o estabelecimento comercial assaltado uma série de vezes na região do Barreirinha. A padaria Ha­­maya, a algumas quadras do comércio de Silveira, já foi roubada 20 vezes nos últimos 14 anos. Akinori Hamaya, 53 anos, pensou até em abandonar o comércio. Nos últimos dois meses de 2012, foram dois roubos.

O proprietário tenta não desanimar. "Já pensei muito em desistir, mas há famílias que dependem daqui", afirma. Ele conta que os roubos são violentos, com fortes ameaças. "Já deram até tiro aqui dentro", lembra. O problema, contudo, é a falta de resposta da polícia. "Quase sempre fiz boletim, mas nunca recebo resposta", conta.

No mesmo bairro, o dono de um estabelecimento que comercializa material de construção permanece com o portão da loja sempre trancado e só atende o cliente após ter certeza de que não é mais um assalto. "Já fui vítima três vezes aqui. Fiz boletim na primeira vez. Depois não fiz mais. Não resolve. Já tive um prejuízo de mais de R$ 4 mil", diz.

De novo

Na segunda-feira pela manhã, a padaria Tutti, no bairro Barreirinha foi alvo de assaltantes pela 39º vez. Desta vez, no entanto, a equipe de reportagem da RPCTV também foi vítima do crime. A equipe, formada por uma repórter, um cinegrafista e um auxiliar, foi pega de surpresa ao chegar à padaria justamente para entrevistar o proprietário do local sobre casos de vítimas que reagem a roubos. Wilson já foi baleado durante um dos assaltos que sofreu ao longo dos anos na padaria, após tentar arrancar a arma do assaltante.

O último assalto começou quando dois homens entraram e pediram duas coxinhas. Após comer, deram voz de assalto. No mesmo momento a equipe da RPCTV chegava ao local, que permaneceu sendo vigiado por um terceiro assaltante até que o roubo acabasse. Ninguém se feriu. A Polícia Militar acabou prendendo os assaltantes no fim da tarde de segunda-feira.

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