A licitação para compra de radares para Curitiba, iniciada em 2011, foi revogada ontem pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT). A ação licitatória, alvo de diversas contestações judiciais, previa a compra de equipamentos para a capital no valor de R$ 27 milhões. A decisão pela anulação do processo foi tomada porque um estudo realizado pela prefeitura revelou que um sistema de aluguel dos equipamentos poderia reduzir os custos significativamente.
"Acabei de assinar o cancelamento do edital da licitação dos radares. Em todos os estudos que realizamos, [verificamos que] nós podemos ter, com um sistema de aluguel de equipamentos, uma redução de 60% nesses custos", afirmou o prefeito ontem, antes de participar de um seminário sobre a proposta de universalização do vale-transporte.
Um dos problemas apontados pelo estudo do executivo era o de que a licitação previa a compra dos equipamentos, mas não a sua manutenção ou reposição em caso de perdas por colisões, vandalismo ou furto. Havia apenas uma garantia de 12 meses para defeitos técnicos. Isso exigiria a abertura de um novo edital, para contratação de uma empresa que se responsabilizasse pela manutenção dos aparelhos.
A Secretaria de Trânsito estima que a contratação da manutenção custaria mais R$ 11 milhões para um prazo de quatro anos. Ou seja: o sistema de radares custaria R$ 38 milhões em cinco anos de operação. Por outro lado, a opção pela locação, com manutenção inclusa, poderia custar R$ 24 milhões para o mesmo período. Os testes realizados também foram considerados superficiais, não indicando se haveria efetividade na fiscalização.
O consórcio Iessa-Indra-Velsis, que havia vencido a licitação, foi procurado pela reportagem mas não quis se manifestar sobre a questão.
Mudança
Enquanto a prefeitura não decide abrir um novo processo licitatório para locação e manutenção dos radares, os equipamentos da Consilux, que teve o contrato rescindido unilateralmente depois de denúncias de irregularidades, continuarão em operação. Pela ocupação dos 196 radares, a Consilux recebe mensalmente R$ 464 mil. Até o ano passado o valor era de R$ 737,4 mil. Segundo a prefeitura, no início do próximo ano haverá uma nova redução desse valor, já que há revisão do preço por causa da depreciação dos equipamentos.
A revogação da licitação também foi influenciada por uma preocupação com a educação no trânsito. "Nosso objetivo é trabalhar na prevenção, educação e fiscalização e pensar em novas tecnologias não voltadas para a multa, mas controle do sistema", explica Fruet.
App oferece dados sobre transporte
Angieli Maros e Fernanda Trisotto
Os usuários de ônibus de Curitiba e região metropolitana agora têm mais um meio para falar das impressões sobre o sistema de transporte público. O Moovit, um aplicativo gratuito compatível com celulares e tablets com sistema operacional iOS e Android, permite a troca de informações em tempo real e já está disponível na capital desde ontem.
A capital paranaense é a sétima cidade brasileira a receber o aplicativo, de acordo com o presidente da empresa, Omar Tellez. O estudo para a implantação do aplicativo levou cerca de dois meses e foi feito com a colaboração da Urbs, que está disponibilizando seu banco de dados para vários projetos, como Busão Curitiba, Ônibus Fácil, Vamos de Busão, Here Transit, Map Way e Google Transit.
Atualmente, 1,7 milhão de pessoas usam a ferramenta em mundo todo. No Brasil, a comunidade está estimada em 260 mil usuários. De acordo com Telles, o país é o mercado de maior crescimento do sistema. "É um sistema colaborativo, que dá informação para que você saiba localizar os tipos de transporte disponíveis, avaliar os condutores, a limpeza do ônibus, os serviços que o ônibus têm. Pode avaliar as coisas boas e ruins do sistema também", explicou Tellez.
Para Roberto Gregório da Silva Junior, presidente da Urbs, o grande diferencial do Moovit é oferecer uma pesquisa em tempo real. "Qualquer usuário tem condições de informar as impressões em relação ao comportamento do motorista, limpeza dos ônibus e terminais. Isso aprimora o processo de fiscalização e é mais um instrumento que a Urbs e a municipalidade detêm e passam a contar agora para melhorar o serviço", afirma.