Daqui a dois dias estaremos entrando em um ano novo. Não teria uma importância maior não fora o fato de estarmos mudando um ciclo que perdurava, bem contadinho, por meio século. Exatamente cinquenta anos depois está existindo o que se poderia anotar como uma troca de guarda na administração de Curitiba.
A partir do primeiro dia do ano de 2013, teremos novo gerente na prefeitura da capital e, sempre que surgem mudanças, os munícipes esperam que as coisas melhorem, que haja uma limpeza, que a craca incrustada por meio século seja extirpada e que as novas cabeças e o sangue novo atendam aos reclames e às necessidades da população, que sabiamente soube mudar, que silenciosamente deu um basta usando a grande arma que possui: o voto.
Um mergulho ao passado deixa-nos ver o que a história informava sobre o futuro desta cidade cheia de apelidos em sua maioria, não condizentes com a realidade. A população foi crescendo paulatinamente, em 1900 éramos 50 mil habitantes, em 1950 o número atinge 180 mil, em dez anos dobrou, passando em 1960 para 360 mil e, quarenta anos depois, em 2000 chegou aos 1.600 mil habitantes, quando as estatísticas previam apenas 900 mil moradores nesta Curitiba velha de guerra.
Durante os últimos cem anos, governou a cidade uma série de administradores que tiveram destaque, uns mais e outros nem tanto. Entre 1912 e 1916 dirigiu o destino de Curitiba uma figura ímpar, o engenheiro Cândido de Abreu. Foi quando a arquitetura da cidade adquiriu o aspecto europeu, parcamente conservado até hoje. A obra importante nesse estilo ficou por conta do prédio-sede da prefeitura, ainda conservado na Praça Generoso Marques.
O transporte coletivo ganhou impulso com a inauguração dos bondes elétricos, que serviam extremos da cidade como os bairros do Portão, Seminário, Guabirotuba e Bacacheri. Isso em 1913, substituindo os morosos bondes tracionados por mulas.
Outra figura de destaque no comando da prefeitura de Curitiba foi Moreira Garcez, que, com a colaboração do engenheiro Ernesto Guaita, urbanizou inúmeras ruas, dando-lhes larguras suficientes para aguentar o tráfego de veículos que estavam por vir, isso entre os anos de 1938 e 1940. Assumiu então a prefeitura de Curitiba o carioca Rosaldo Mello Leitão, que, apoiado pelo interventor Manoel Ribas, entregou ao urbanista francês Alfred Agache a criação de um plano piloto na urbanização da cidade.
O Plano Agache foi entregue a Manoel Ribas em 1943, e muita coisa criada pelo urbanista foi instalada na cidade, como a localização do Centro Cívico e a planificação da Avenida Cândido de Abreu, citando apenas essas entre muitas outras aproveitadas.
Ao prefeito e à sua equipe que tomam posse no governo da cidade dentro de 48 horas, só podemos desejar boa sorte em seus mandatos. Que o nosso transporte coletivo esteja entre as metas prioritárias, assim como a concessão para novos táxis. Que o famigerado metrô seja revisto, que as calçadas da cidade sejam planas com a extirpação dos perigosos petit-pavés, e mais um sem-fim de providências que nos livrem das ditas más aplicações do dinheiro público. Boa sorte ao novo comandante e a todos nós curitibanos.
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