Foram muitas as vezes que Helmuth Wagner deixou o aconchego da cama para sair às ruas de Curitiba às 4 horas da madrugada em busca de uma fotografia única, que revelasse a vida urbana da capital paranaense. Por entre as ruas estreitas, muitas de paralelepípedo, Helmuth congelou imagens da vida citadina dos anos 1940 em diante. Não se sabe ao certo quantas fotos fez por conta própria, durante as horas de folga, mas as contabilizadas (pelo menos em negativos) chegam a 4 mil um número bastante expressivo para uma época em que os rolos de filme eram caros e as máquinas tinham poucos recursos. O que foi registrado, porém, não foi em vão.Uma sequência de imagens do Passeio Público mostra a cidade que acorda (as raridades foram encontradas pelas filhas dele, depois que ele morreu, em 1988). Helmuth registrou a geada que na foto preto e branco deixa a paisagem envelhecida, as ruas melancólicas de Curitiba quando todos ainda estavam dormindo. "Minha mãe conta que, uma vez, foram de madrugada fotografar o Passeio Público e o guarda perguntou o que o casal estava fazendo lá naquele horário", conta a filha Ingrid Wagner.
Helmuth foi além das vias urbanas e ficou fascinado com o que encontrou na Serra do Mar. Em uma gravação feita pelo fotógrafo Cid Destefani, colunista da Gazeta do Povo, Helmuth afirmou acreditar ter o maior acervo de fotos da exuberante mata atlântica ainda conservada no Paraná. "Foi meio século andando pela Serra do Mar. Devo ser o responsável pelo maior registro já feito", disse. Ele congelou detalhes da floresta como poucos fotógrafos tiveram oportunidade. Em um voo, Helmuth conseguiu registrar muitas montanhas que existem na Serra do Mar e que boa parte dos paranaenses nem imagina existir. Não raras vezes, subiu até o Marumbi para conseguir fotos com ainda mais contraste. Também foi ele um dos poucos a conseguir filmar as Setes Quedas e, depois, fotografar a construção da Itaipu e de muitas outras obras de grande vulto no Paraná. Todo este trabalho está resumido (desde 2009) em um documentário (Helmuth Wagner: alma da imagem) que homenageia esse descendente de alemães. As filhas (e filho) participaram ativamente da produção do documentário e nesta semana o apresentaram a um grupo de alunos do Instituto Federal do Paraná com o intuito de divulgar o que o fotógrafo deixou para a história. "Hoje, com as tecnologias existentes, parece banal mostrar o que ele fazia. Mas ele era um artista. Um dos amigos dele dizia que meu pai não se separava da máquina nem para dormir", conta Ingrid. Ele também inovou nas técnicas de revelação e, usando a família como modelo (pedia até para os filhos fingirem que estavam dormindo), conseguiu aprender e aprimorar as técnicas da fotografia quando fez da dispensa da casa a sala de revelação de negativos.
Antes de morrer, em 1988, Helmuth subiu até o Pico Paraná, com 64 anos, para tentar fazer mais alguns registros. "Se é um desafio para os mais jovens subir lá, imagine para ele", diz Ingrid. Deixou três obras: Serra do Mar, Sete Quedas e Ilha do Mel. Algumas imagens, em 2009, foram selecionadas e passaram e fazer parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo.
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