A cada mês, 19 ocorrências de violência sexual contra crianças e adolescentes são registradas em Curitiba. De janeiro até setembro de 2006, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime (Nucria) em Curitiba fez 176 boletins de ocorrência relacionados à violência sexual. De acordo com o Nucria, 51 desses casos foram de abuso e 125 de atentado violento ao pudor.

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Os crimes de violência sexual correspondem a 26,6% do total de ocorrências registradas no Núcleo. "Em média, sete boletins são registrados por dia. É um número que assusta", ressalta a delegada Paula Brisola. Em todo o ano passado foram registrados 199 casos.

O boletim de ocorrência é a parte visível do problema. "Apenas uma parte dos casos de violência acabam virando ação criminal", explica a promotora Cibele Cristina de Resende, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Criança e do Adolescente, do Ministério Público do Paraná.

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Segundo ela, Curitiba conta com uma rede de proteção à criança e ao adolescente que envolve governo, sociedade civil e ONGs. "Qualquer suspeita gera uma notificação por parte dos membros da rede. Depois temos uma fase de investigação preliminar que pode levar a uma ação criminal ou a alguma medida de proteção, se o agressor estiver dentro da própria família."

De acordo com a promotora, na maioria das vezes os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes têm como agressor alguém próximo à vítima. "Não é raro o abusador fazer parte da família", confirma a presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Márcia Caldas.

"Nesses casos o que costuma ocorrer é que, embora a criança dê sinais de sofrer a violência, a mãe tende a ignorá-los. Muitas vezes porque o agressor é o pai, ou o padastro – alguém que tem um papel econômico importante", salienta a psicóloga Paula Gomide, professora da Faculdade Evangélica do Paraná.

Até nos casos fora do âmbito familiar, a tendência é de que o agressor tenha certa confiança da vítima. "É comum que os agressores sejam vistos como amáveis, educados e procurem lugares e empregos em que haja proximidade com os pequenos", diz a promotora.

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O que pode ser feito para ampliar a rede de proteção às crianças?

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