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Infra-estrutura

Curitiba tem banheiros, mas só de dia

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A prefeitura de Curitiba estuda a instalação de pelo menos dois novos banheiros públicos no Centro da cidade. Apesar de ainda não haver data definida para a instalação nem detalhes do projeto, a notícia é bem-vinda tanto para quem passa aperto nas ruas quanto para os comerciantes da região. Não há um único dono de banca de revistas que não tenha de abrir o comércio horas antes, pela manhã, para poder fazer uma faxina geral. "O cheiro é insuportável, principalmente nos fundos da banca, onde eles (pedestres) costumam esvaziar a bexiga", diz Thalita Araújo Bernardete, proprietária de uma banca na Rua André de Barros, no Centro.

A prefeitura de Curitiba gasta por dia 8 mil litros de água para remover urina e fezes das ruas. A limpeza é feita entre 22 horas e 5h30, em 40 pontos centrais da cidade que ficam intransitáveis por causa do uso contínuo da rua como banheiro. Mas ao contrário do que tudo indica, não é pela falta de sanitários que muitas pessoas usam as vias públicas. Segundo dados da prefeitura, existem hoje 106 banheiros públicos fixos, 14 dos quais na região central da cidade (veja mapa). O problema é que a maioria deles funciona apenas em horário comercial.

Para Célia Bim, arquiteta e diretora da área de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), o número de banheiros parece ser insuficiente porque eles têm horários específicos de funcionamento e alguns não são gratuitos. Dos 106 existentes na cidade, apenas seis cobram pelo uso – Praça Osório (R$ 0,30), Rua da Cidadania da Matriz (R$ 0,30), Terminal Guadalupe (R$ 0,30), Parque Barigüi (R$ 0,40), Arcadas do Pelourinho (R$ 0,30) e Rua 24 horas (R$ 0,50). "Próximo da Praça Tiradentes, por exemplo, existe um banheiro público (ao lado do Paço Municipal). Porém, como ele não é muito usado, a área é considerada uma das mais críticas da cidade. Por isso já está em estudo a instalação de um novo banheiro no entorno da Catedral", afirma Célia.

A Praça Santos Andrade também é considerada ponto crítico pela prefeitura. "O Ippuc está fazendo um estudo sobre este problema. Não temos números exatos de quantos novos banheiros serão criados e também não existe data para a instalação, porém os pontos mais prejudicados serão os primeiros a serem atendidos", diz.

Custo

Segundo Célia, é preciso discutir o projeto antes da construção de novos banheiros. Hoje custa caro para a prefeitura mantê-los sempre limpos, nos padrões exigidos pela Agência de Vigilância Sanitária, sem cobrar nada do usuário. Outra questão é a dificuldade de deixar o banheiro aberto 24 horas, sem monitor. "Temos problemas com vandalismo, uso de drogas e sexo dentro dos sanitários. Imagine se deixarmos os espaços abertos o tempo todo, sem cobrar nada. Colocaríamos em risco a segurança de quem precisa usá-los", afirma.

A agente de apoio Romilda Landnann dos Reis, que cuida da limpeza dos sanitários da rodoferroviária, conta que é comum os usuários levarem na bolsa os rolos de papel higiênico que ficam no banheiro. "Os usuários ficam lá quietinhos por muito tempo. Eu acho estranho, mas depois percebo que o que realmente queriam era levar o papel higiênico embora", diz.

Na rodoferroviária os banheiros são limpos e gratuitos. O segredo, segundo Romilda, é paciência e dedicação. "Como trabalhamos com turistas que estão chegando ou deixando a cidade, é preciso ser simpática. Caso contrário, qual a imagem que eles vão levar de Curitiba?", questiona. Nos locais onde é cobrada uma taxa para uso, os banheiros são limpos, têm sabonete e papel higiênico.

Para os profissionais que trabalham na rua, os banheiros públicos são essenciais. O pipoqueiro Valdevino Leandro conta que usa todos os dias o banheiro da Praça Osório. "Vale a pena pagar R$ 0,30 porque é limpo. O problema são os casais homossexuais que usam o espaço para fazer sexo", diz.

Os garis entrevistados têm acesso livre e gratuito aos banheiros da cidade. Já os donos de bancas e vendedores ambulantes têm de se virar quando bate a vontade. "Usamos banheiros emprestados pelo comércio e, por isso, dependemos da generosidade das pessoas. Precisamos de um banheiro público por aqui", comenta o vendedor ambulante Enoque de Jesus, que fica na Praça Carlos Gomes. Entretanto, quando o comércio fecha as portas, não há local onde quem precisa possa se socorrer. Até mesmo os banheiros públicos têm horário fixo para funcionar e é aí que está o maior problema: durante à noite e madrugada adentro não existem muitas alternativas, se não recorrer ao velho e condenável hábito de fazer xixi na rua.

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