Na avaliação do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Waldemar Trotta Junior, dono da Trocon Engenharia, acostumada a construir para o público do Minha Casa Minha Vida e para as companhias de habitação de Curitiba e região, o modelo parece ser um caminho possível, principalmente porque envolve a cessão de terrenos para a iniciativa privada. “Um terreno no Tatuquara ou no Batel, tanto faz para nós. O custo da construção em si é o mesmo. É o terreno o grande fator que viabiliza ou não um empreendimento, por isso o modelo paulista pode ser interessante”. Trotta Junior lembra, porém, que as condições de investimento nos dois estados são bem diferentes. “Lá estado e município dão subsídios para cada unidade, além das contrapartidas em urbanização. Em Curitiba e municípios da região metropolitana temos no máximo o terreno. A capacidade de investimento é bem diferente. Mas isso não inviabiliza o uso do modelo paulista ou outro semelhante aqui. Basta que Curitiba cuide primeiro de refazer o seu banco de terrenos”, pondera o empresário.

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São Paulo lança primeira PPP para moradia de interesse social no país

Na prática, modelo pode dar mais prazo para o poder público pagar subsídios e também ajuda a evitar que os mais pobres sejam empurrados para a periferia

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Cota para habitação popular

O texto do novo Plano Diretor de Curitiba, em trâmite na Câmara Municipal, prevê a criação da Cota de Habitação de Interesse Social, prevendo que grandes empreendimentos terão de construir unidades populares ou pagar uma compensação

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Ele lembra que em Bogotá, na Colômbia, uma maneira de lutar contra a especulação imobiliária e de criar espaços de moradia em regiões valorizadas e já estruturadas tem sido pensar na moradia junto com os grandes projetos de infraestrutura. “O que eles têm tentado fazer lá é pensar que um pedaço da área que será desapropriada para a construção de uma linha de metrô ou de outra grande obra, por exemplo, seja já reservada à construção de moradias populares”. Seria uma forma de garantir que ao menos ali naquele espaço a valorização dos imóveis vinda justamente da grande obra de infraestrutura não expulse as classes mais pobres para a periferia. “É uma das saídas de Curitiba, visto que a capital não tem áreas centrais degradadas grandes como São Paulo e que possibilitam que o poder público desaproprie a um custo mais baixo”. Ele acredita, porém, que algo poderia ser pensado para reaproveitar os imóveis vazios ou subtilizados do centro de Curitiba.

Para a mestre em Planejamento Urbano e professora da UFPR, Gislene de Fátima Pereira, Curitiba e as cidades brasileiras como um todo precisam procurar maneiras inovadoras para resolver o problema da habitação. No último mês de agosto, ela fez um estágio pós-doutoral em Seul, Coreia do Sul, e diz que o que eles praticam por lá chega a ter semelhanças com o que se propõe em São Paulo. “Na Coréia do Sul, o poder público compra terra, urbaniza e revende para a iniciativa privada, que desenvolve edificações, reservando um porcentual para habitação social. Acho que o Brasil precisa aprender um pouco sobre estes projetos, porque é um tipo de iniciativa que está servindo de referência para muitos países, inclusive na América Latina”.