Pelo menos cinco casos de crimes conhecidos como "saidinha de banco" – em que a vítima é assaltada após sacar dinheiro em agências bancárias – são registrados a cada semana em Curitiba. É o que aponta uma estimativa realizada pelo setor de boletins de ocorrência da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) a pedido da Gazeta do Povo. Nesta quinta-feira (14), uma audiência pública será realizada na Câmara para debater um projeto de lei que visa a implantação de recursos de segurança em agências com o objetivo de minimizar este tipo de ocorrência.

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Não há um levantamento oficial, mas para o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (Sindivigilantes) e para a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-PR), os casos de "saidinhas de banco" ocorridas na capital são mais numerosos e chegam a sete por dia. Com este índice, Curitiba se igualaria a São Paulo e Rio de Janeiro, onde esses crimes ocorrem com maior incidência, segundo a Fetec-PR.

"O que ocorre é que a maioria desses assaltos não chega à polícia porque as vítimas não fazem boletim de ocorrência. A pessoa só registra quando há agressões ou quando o valor roubado pertencia a alguma empresa", avalia o diretor da Fetec, Carlos Copi.

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O projeto

Desde dezembro do ano passado, tramita na Câmara de Curitiba um projeto de lei que, se aprovado, determinará os recursos de segurança que as agências e postos bancários serão obrigados a implantar. A propositura aponta que as portas giratórias sejam instaladas já no acesso ao auto-atendimento. O dispositivo deve ser blindado e equipado com detector de metais e sistema de travas automáticas.

O projeto também prevê a instalação de sistema câmeras de segurança de alta resolução nas áreas interna e externas das agências e postos. O detalhe é que o monitoramento seria feito em tempo real, por meio de uma central de segurança. A proposta também reforça a obrigatoriedade de instalação de biombos, separando as pessoas que aguardam nas filas dos clientes que estão sendo atendidos nos guichês.

"São recursos que, se implantados na totalidade, combateriam todas as modalidades de crimes vinculadas a bancos, desde estelionato até os assaltos às agências", avalia o delegado Rodrigo Brown de Oliveira, da DFR. "O monitoramento em tempo real é o recurso mais importante, e ajudaria a prender em flagrante arrombadores de caixas de eletrônicos e coibiria sequestros-relâmpago", complementa.

Fiscalização e penalidades

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Para o presidente do Sindivigilantes, João Soares, o projeto representa um avanço em relação a outras legislações similares, porque prevê maior fiscalização e punição mais severa. Se a propositura for aprovada, os bancos que desrespeitarem as normas poderão ser multados em mil Unidades Financeiras Municipais (UFM) e em duas mil UFMs em caso de reincidência. Na terceira autuação, a agência ou posto bancário seria interditado.

"Os bancos alegam que investem milhões em segurança, mas esse investimento não é na segurança das pessoas, mas sim do dinheiro. Com a ampliação da fiscalização, acreditamos que a lei seja eficaz", disse Soares.

Segundo o Sindivigilantes e a Fetec, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) foi convidada para debater o projeto. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Febraban alegou não ter conhecimento sobre a audiência pública e não quis se pronunciar sobre o assunto.Violência nos bancos

No início de abril, em apenas dois dias, seis agências bancárias de Curitiba e região metropolitana (RMC) foram alvos de quadrilhas especializadas. Quatro tiveram caixas eletrônicos arrombados e em dois casos os bandidos desistiram do crime após ter iniciado a tentativa. Um levantamento realizado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região revelou que, desde o início deste ano, foram 20 ações de quadrilhas (entre assaltos e arrombamentos) contra bancos da capital e região metropolitana. Para a polícia, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se os bancos adotassem alguns procedimentos de segurança.

Na sexta-feira (8), dois jovens foram vítimas da "saidinha de banco". Eles haviam acabado de sacar R$ 3,1 mil em uma agência bancária no bairro Champagnat, quando foram abordados por dois bandidos. Os rapazes foram levados dentro de seu próprio carro pelos assaltantes, mas uma equipe do 12º Distrito Policial desconfiou da ação e perseguiu o automóvel. A dupla acabou presa, após perder o controle do veículo e bater.

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No início do mês, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) divulgou, informações sobre dois grupos criminosos responsáveis por 12 assaltos a bancos ocorridos na capital em pouco menos de quatro meses. Uma das quadrilhas passava armas pelo porta objetos – ao lado da porta giratória – para bandidos que estavam dentro da agência.