Até o fim do ano, cada uma das nove regionais de Curitiba deverá ter pelo menos um Núcleo Comunitário de Defesa Civil (Nudec), formado por voluntários locais. Esses grupos prestarão o primeiro atendimento às vítimas nas situações de emergência e desenvolverão ações de prevenção nas áreas de risco. Na capital, a maioria dos atendimentos da Defesa Civil ocorre por causa de alagamentos: foram 527 ocorrências em 2009.
Segundo o coordenador técnico da Defesa Civil de Curitiba, Nelson de Lima Ribeiro, o objetivo é preparar as comunidades das áreas mais vulneráveis. "As pessoas que moram próximas de rios seriam capacitadas a cuidar desse ambiente. Se o rio encher, elas saberiam como proceder, para onde ir e como ajudar o vizinho", disse Ribeiro, que participou ontem do Seminário Sobre Catástrofes Naturais no Estado do Paraná Reflexão e Ação, na Casa Latino-americana (Casla), em Curitiba. Os núcleos desenvolveriam planos de contingência, para prever onde serão montados os abrigos, como será a distribuição de alimentos e como tratar os doentes.
Os Nudecs poderiam atuar em alagamentos, deslizamentos de terra, queda de árvores e princípios de incêndio. A Defesa Civil ainda não sabe quantos grupos são necessários para Curitiba. O objetivo é encerrar 2010 com pelo menos um Nudec em cada regional.
Os Nudecs fazem parte da política nacional de Defesa Civil e já foram implantados em várias cidades do país. Em Curitiba, o projeto começa agora a sair do papel. Há cinco núcleos na capital, criados no final de 2009, na região do bairro Sítio Cercado. José Ribeiro, presidente da associação Moradias 23 de Agosto, participa de um deles. Ele afirma que é comum a ocorrência de alagamentos e incêndios na região, onde vivem 2 mil famílias. "Se tivesse sido implantado esse trabalho da Defesa Civil antes, teria até se evitado alguma coisa", diz.
Mapeamento
Outro programa da Defesa Civil de Curitiba é concluir o mapeamento das áreas de risco. "Não adianta fazer prevenção de tsunami para Cuiabá", comparou o geógrafo Francisco Mendonça, que participou do seminário. Para ele, no entanto, muitas vezes a mídia passa uma visão apocalíptica dos fatos, o que gera uma "sociedade acovardada". Ele disse que os fenômenos não são novos, mas se tornaram mais conhecidos. "Não fosse a condição de acontecer em assentamento urbano, eles não teriam essa repercussão."
Organizações que já atuam junto aos atingidos por tragédias, como a Ação Social do Paraná, a Cáritas Diocesana e a Casa Latino-americana participaram do seminário. O grupo terá novos encontros, com a presença de especialistas na área. O objetivo é criar uma rede em prontidão para catástrofes naturais no Paraná.
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