Em 1989, os curitibanos foram convidados a separar o lixo reciclável. O programa Lixo Que Não É Lixo obteve tanto sucesso que Curitiba tornou-se mundialmente famosa devido à consciência ambiental de sua população. A cidade hoje recicla 30% todo o lixo que produz. No entanto, poderia chegar à marca de 40% (que é o percentual de materiais reaproveitáveis dentro de todo o lixo gerado na cidade). Para atingir essa nova meta, a prefeitura de Curitiba vai lançar, até 15 de novembro, uma ampla campanha publicitária, por meio da qual o cidadão vai novamente ser incentivado a fazer a separação e a não misturar em um mesmo saco de lixo diferentes tipos de materiais recicláveis.
A nova campanha prevê a inserção, em jornais, rádios e na televisão, de propagandas educativas. Personagens criados para a campanha devem orientar o cidadão a colocar cada tipo de material reciclável (papel, plástico, vidro e metal) em um saco de cor diferente. Para isso, os supermercados, parceiros do município na campanha, devem fornecer aos seus clientes sacolas plásticas com cores diferenciadas. A nova fase da campanha Lixo Que Não É Lixo também prevê a instalação, em diversos espaços públicos da cidade, de lixeiras com as cores específicas de cada material.
O anúncio da nova campanha publicitária foi feito ontem durante uma audiência pública promovida pela Ministério Público Estadual (MPE), em Curitiba, para verificar o que cada um dos municípios da região metropolitana está fazendo para reduzir a geração de lixo. No ano passado, os 14 municípios que utilizam o Aterro Sanitário da Caximba (o qual está saturado), em Curitiba, comprometeram-se com o MPE a adotar medidas para reduzir o volume de lixo gerado.
Hoje, estima-se que 40% do lixo que chega ao aterro é de materiais que poderiam ser reciclados, outros 40% é matéria orgânica (que poderia ser transformada em adubo) e apenas 20% é material que efetivamente não tem como ser reaproveitado. Segundo o procurador-chefe das promotorias de Defesa do Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato Santos, isso significa que, em tese, o volume de lixo que poderia deixar de ser despejado na Caximba é de 80%.
O superintendente da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, Pedro Pelanda, informou que o volume de lixo recebido na Caximba, nos últimos cinco meses, caiu de 2,4 mil toneladas por dia para 2,15 mil. Segundo Pelanda, isso se deve às ações de reciclagem desenvolvidas pela capital e pelos municípios vizinhos. Mas ele também aponta a valorização do material reciclável como uma das possíveis causas da queda de volume de resíduos que entra na Caximba.
Para o MPE, porém, as ações que estão sendo tomadas precisam ser intensificadas. O Ministério Público pretende exigir que os municípios desenvolvam projetos de transformação do lixo orgânico em adubo (compostagem) e quer que sejam ofertados espaços públicos para que a população faça a entrega voluntária do lixo separado. Ontem, o MPE também exigiu que os municípios apresentem um relatório mensal (diário no caso específico de Curitiba) sobre a quantidade de lixo que estão produzindo. As informações serão divulgadas pelo Ministério Público na internet.
Com relação à compostagem, Pelanda, da prefeitura de Curitiba, disse que o processo seria inviável na capital. De acordo com ele, o volume de matéria orgânica gerado por Curitiba é muito grande e o espaço para fazer a compostagem precisaria ser muito extenso. "Também precisamos saber se há mercado (para o adubo produzido)." O secretário de Meio Ambiente de São José dos Pinhais, José Tadeu Motta, afirmou ainda que, para municípios grandes, a compostagem, exige muito dinheiro. "Teremos de captar recursos junto ao governo federal."
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