O curitibano Eduardo Pinheiro, 20, tem paixão pelo planejamento urbano. Aos 17 escolheu cursar Engenharia Civil porque gostava de matemática e física. Mal sabia que era o chamado para uma motivação pessoal muito maior: modificar a realidade de quem pouco tem.
Estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ele foi selecionado no ano passado pelo programa Ciência Sem Fronteiras. Foi para a Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, onde descobriu a ONG Bike and Build, que alia ciclismo e construção de casas para quem não tem condições financeiras.
Nos EUA, a organização tem oito rotas que cruzam o país para difundir a causa de “moradia a um preço justo e para todos”. “Nós viajamos num grupo de 31 pessoas construindo casas de cidade em cidade. Contávamos com o apoio dos cidadãos locais que nos davam o que comer”, relata.
Enquanto ele pedalava por 17 estados americanos conheceu outras duas ONGs que ajudam pessoas de baixa renda. A Habitat for Humanity e a Community Rebuilds - na qual, desde o dia 13 de julho, está integrado para participar de um projeto que auxilia na construção de casas energeticamente eficientes. “O trabalho das duas ONGs é bastante similar, porém me identifico mais com a Community Rebuilds que utiliza blocos feitos com talos de trigo como base para a casa. Esse método auxilia no isolamento térmico e reduz o gasto com conta de luz”, detalha.
Ele explica que o governo americano ajuda a financiar a moradia por períodos de até 33 anos e as parcelas vão diminuindo ao longo do tempo. “Essas casas têm aproximadamente 80 metros quadrados, e o terreno pode ser financiado junto. A pessoa que vai ser dona precisa ajudar na construção, como uma maneira de ela ser consciente dos cuidados que uma casa requer”, diz.
Pinheiro voltou ao Brasil em agosto do ano passado depois de ter passado 15 dias construindo, 55 pedalando, e três descansando.
Antes de retornar para os EUA em julho deste ano trabalhou na Associação Internacional de Estudantes em Ciências Econômicas e Comerciais (Aiesec) como gerente de projetos. Também auxiliou na construção de casas da ONG Teto que tem como foco casas de emergência que são feitas para durar dois anos. “A gente acaba não percebendo como há pobreza na nossa cidade, tão perto de nós. Lugares que realmente precisam de uma intervenção. Durante os finais de semana nós chegávamos ao local quando o sol nascia e íamos embora quando ele se punha”, descreve.
Quando retornar ao Brasil, em dezembro, o estudante quer continuar com o trabalho social. “Tenho vontade de trabalhar no setor de negócios sociais, atuando em ONGs e startups. Não me vejo morando nos EUA, quero colocar em prática o que aprendi aí no Brasil”, afirma Pinheiro, que tem planos de fazer mestrado em planejamento urbano na Alemanha.