O morador de Curitiba é caseiro. “Ficar em casa” é o passa tempo preferido de 34%, seguido de “ir a igrejas” (25%) e “visitar amigos” (24%). É o que aponta a terceira pesquisa sobre qualidade de vida em Curitiba feita para a Gazeta do Povo pela empresa Brain. Entre as atividades culturais preferidas, outro programa caseiro fica no topo da lista: para 27%, ver filme e série de TV é o melhor programa. Já a visita aos museus é considerada uma atividade ruim para 51%. Curiosamente, o Museu Oscar Niemeyer (MON) é o mais citado na lista de “construção mais bonita” de Curitiba. “A gente vai a museu só na cidade dos outros”, brinca o consultor Fábio Tadeu Araújo. “Mas o MON já virou cartão postal da cidade.”
A preferência pelos programas caseiros também pode estar ligada à questão da segurança. “Uma das hipóteses é a sensação de insegurança. As pessoas preferem desfrutar o tempo livre de maneira mais barata e segura, que é dentro de casa”, analisa Araújo.
Para o professor Cezar Bueno, “o recolhimento como a primeira opção é tendência universal”. “Vivemos numa sociedade do trabalho e do indivíduo. Quando se tem tempo, a opção é por ficar em casa. Inclusive porque a tecnologia ajuda. Hoje você acessa serviços sem sair de casa”, afirma.
Na avaliação do professor, políticas públicas de resgate do espaço público, como a iniciativa de fechar ruas apenas para pedestres no fim de semana, são importantes. “Existe uma cultura do medo, provavelmente provocada pela alta exposição da violência na mídia. O espaço público se tornou o espaço do estranho. Precisamos inverter essa lógica”, defende Bueno.
Um dos dados que chama a atenção na pesquisa, segundo Araújo, é a redução do público de feiras livres, como gastronômicas ou orgânicas. No ano passado, 37% dos entrevistados disseram que frequentavam esse tipo de feira, o número caiu para 22% neste ano.
Ir a restaurantes é o programa preferido para 16%. E, embora o tradicional bairro de Santa Felicidade continue sendo a região gastronômica mais frequentada (35%), lugares mais novos já são conhecidos do público, como Cabral Soho (frequentado por 12% e conhecido por 39%) e Batel Soho (frequentado por 11% e conhecido por 44%).