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Curitibano passa no teste do ecologicamente correto

Sandra Gutierrez e a filha Isadora, de 11 anos, em prol da conscientização ambiental: separação do lixo é só a primeira lição | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Sandra Gutierrez e a filha Isadora, de 11 anos, em prol da conscientização ambiental: separação do lixo é só a primeira lição (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)
Veja em quais atitudes o curitibano se destacou na pesquisa |

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Veja em quais atitudes o curitibano se destacou na pesquisa

Desde que se mudou para sua nova casa no bairro Capão da Imbuía, em Curitiba, há quatro anos, a professora Sandra Gu­­tierrez passou a utilizar os resíduos orgânicos como adubo em sua horta. No apartamento onde morava antes, só havia espaço para separar o lixo dos resíduos recicláveis – atitude estimulada pela filha Isadora, hoje com 11 anos, que trazia da escola a consciência ambiental. No sobrado onde elas vivem atualmente, também passou a ser possível manter um quintal com árvores nativas e frutíferas. Outra preocupação da professora é com o desperdício de água: ela evita lavar as calçadas com mangueira e espera acumular roupas sujas para usar a máquina de lavar em sua capacidade máxima. As atitudes ambientalmente corretas de Sandra exemplificam o comportamento e os pensamentos dos demais curitibanos apontados numa pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) sobre hábitos de consumo, descarte e reciclagem de resíduos.

"Acho que cada um fazendo uma pequena parte influenciará o todo. Nada é isolado, funciona como um efeito dominó", diz Sandra. Com o objetivo de verificar, entre outras coisas, até que ponto a população está preparada para separar o lixo, conforme a exigência do Plano Nacional de Resíduos Sólidos sancionado em 2010, 1,1 mil pessoas foram ouvidas em 11 capitais brasileiras. "Queríamos sentir se o terreno para efetivação do plano era fértil e se as pessoas estavam abertas a mudança nos hábitos", explica a secretária de Articulação Insti­­tucional e Cidadania Ambiental do MMA, Samyra Crespo. Segundo ela, o fato de Curitiba sair na frente não foi surpresa, porque a cidade sempre se destaca como uma das mais conscientes do país.

Um dos principais destaques no comportamento dos curitibanos, aliás, em relação às demais capitais pesquisadas, é justamente a coleta seletiva. Pelo menos 85% das pessoas entrevistadas na capital paranaense evitaram jogar, no lixo comum, produtos tóxicos ou que agridem o meio ambiente – como solventes, tintas, pilhas e baterias – nos 12 meses que antecederam a pesquisa. Outros 82% dos participantes afirmaram, ainda, separar o lixo molhado do seco. Nos dois casos, os índices registrados foram bem mais altos que a média nacional de 40% e 47%, respectivamente.

Quanto à conscientização, os curitibanos também demonstraram estar mais atentos e preocupados com as questões ambientais do que em outras capitais. Para 55%, a ciência não é capaz de resolver todos os problemas ambientais. No restante do país, apenas 34% das pessoas dizem acreditar nisso. Quase 60% dos entrevistados em todo o país afirmam que as preocupações existentes no Brasil sobre os problemas ambientais são pertinentes. Na capital paranaense, o porcentual de cidadãos que têm a mesma opinião sobe para 73%. Além disso, 77% acham que o Meio Ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, contra 59% na média nacional. A mesma porcentagem de brasileiros – 59% – considera que só grandes mudanças nos hábitos de compras, transporte e alimentação evitarão os problemas ambientais futuros. Em Curitiba, esse índice é 9% maior.

O secretário de meio ambiente do município, José Andre­­guetto, diz que os resultados positivos da pesquisa não significam que o poder público deve se acomodar. "Não podemos deixar de investir. A sociedade precisa aprender a ser sustentável", afirma. Apesar de Curitiba estar aplicando seu Plano de Resíduos Sólidos antes mesmo da criação da legislação nacional, o secretário explica que a prefeitura ainda continua perseguindo o índice de 85% de reaproveitamento do lixo gerado. Para Andreguetto, apesar da responsabilidade compartilhada entre setor público, privado e sociedade, definida a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a redução do que é descartado está nas mãos da população. "Não adianta impormos nada para o setor produtivo, porque quem determina a tendência de mercado é o consumidor. Nós precisamos criar a demanda por embalagens mais econômicas e produtos recicláveis", avalia.

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