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O dia seguinte ao anúncio de que a tarifa do transporte público de Curitiba sofrerá um novo aumento parece ter sido de resignação. Entre os passageiros que circulavam pelos terminais e estações-tubo visitados pela reportagem, o sentimento compartilhado era de que o reajuste é "injusto". A alta, no entanto, parece longe de ser capaz de catalisar grandes manifestações, como ocorreu em junho do ano passado. A partir de terça-feira, a passagem passa a custar R$ 2,85.

Segundo a Urbanização Curitiba S/A (Urbs), o reajuste foi adotado para diminuir o rombo causado pela diferença entre a tarifa técnica (estimada em R$ 3,18 e que corresponde ao custo do transporte) e o que o passageiro efetivamente paga. Apesar disso, os usuários do sistema consideram que o peso não deveria recair sobre quem depende dos ônibus para se locomover.

"É injusto que o trabalhador pague o pato. Os empresários faturam milhões, mas sempre vêm com essa história de prejuízo pra aumentar a passagem", opinou a desempregada Salete dos Santos.

Muitos usuários também apontavam a "falta de qualidade" do transporte coletivo curitibano para se posicionarem contra o tarifaço. A assistente de laboratório Kátia Souza, por exemplo, disse que nunca espera menos que 40 minutos pelo ônibus "Barreirinha". "O aumento é injusto por causa das condições do sistema. Acho que foi uma jogada: esperaram as eleições passarem para aumentar", disse.

Apesar das considerações, os passageiros não davam mostras de tomar alguma atitude efetiva contra o reajuste. Nenhum dos usuários entrevistados cogitou em tomar parte em manifestações ou protestos. "Não tem muito o que a gente possa fazer", resumiu o porteiro Leomar José do Nascimento.

Em uma rápida enquete feita pela reportagem, quatro pessoas – de 15 consultados – sequer sabiam do aumento. Entre eles, o funcionário público Pedro Medlo, que se surpreendeu com a alta. "Eu não sabia [do reajuste]. É um negócio que, se você for pôr na ponta do lápis, pesa no fim do mês, no bolso do trabalhador", disse.

Ao contrário do último aumento – em que houve um corre-corre aos pontos de recarga do cartão de transporte – não houve, ao menos por enquanto, filas nas bancas que vendem a versão avulsa do dispositivo. "O movimento está normal para um sábado. O que ocorre é que um ou outro passageiro está recarregando um valor um pouco maior que o normal", disse José Autenísio, da Banca Carlos Gomes.

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