Muitos curitibanos acordaram cedo ontem para tomar a vacina contra a Gripe A (H1N1). Desde as 8 horas da manhã o movimento era intenso nas unidades de saúde 24 horas. Na unidade do Pinheirinho, até as 10h30 da manhã haviam sido aplicadas cerca de 200 doses. A previsão era de que até o final do atendimento, às 18 horas, esse número fosse quatro vezes maior. "No sábado passado imunizamos quase 900 pessoas. No primeiro fim de semana da campanha, a fila se estendia pela rua e ia até a esquina", conta a enfermeira Noeli da Costa. A dona de casa Caroline Faria aproveitou o feriado para vacinar os gêmeos Felipe e Raissa, de 8 meses. "Durante a semana meu marido trabalha e fica difícil trazer as crianças", conta.
Na unidade de saúde do Boqueirão o movimento também era grande desde cedo. Cristiane Concetta escolheu o feriado para vacinar a filha de 7 anos, Ana Luiza, que sofre de bronquite. "Em dias normais ela vai para a escola, aí fica mais difícil de trazê-la", conta a mãe.
Rosana Rodrigues, de 46 anos, também aproveitou a folga para reunir a família e procurar o posto de vacinação. Ela, o marido e a filha de 22 anos estavam ontem na fila para a imunização. "Durante a semana é difícil juntar todo mundo, cada um tem seus horários", diz. Rosana está fora das faixas etárias prioritárias para vacinação, mas como tem bronquite foi vacinada.
A orientação nas unidades de saúde é não vacinar quem está fora dos grupos prioritários. No entanto, não se pede nenhum tipo de atestado ou documento médico que comprove a condição de doente crônico. "Não temos orientação para pedir nenhuma comprovação. Temos que confiar no que diz a pessoa", afirma Noeli.
Apesar da falta de rigor no controle, há quem volte para casa sem vacina. Zeneide dos Santos, de 54 anos, procurou a unidade de saúde do Pinheirinho, mas foi orientada a esperar. "Vamos ver se vão liberar a vacina para todo mundo, senão vou ter que pagar em alguma clínica particular", reclama.
No dia 12 de abril, a Justiça Federal determinou que fosse vacinada toda a população paranaense, por considerar que o estado é mais suscetível à propagação do vírus. No entanto o Ministério da Saúde recorreu da decisão.
Segundo o Ministério da Saúde, os critérios para escolha dos grupos que estão recebendo a vacina são bons. Eles foram baseados nas instruções da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tentam imunizar as faixas da população que mais tiveram problemas de agravamento de saúde quando infectadas pelo vírus. Grávidas, doentes crônicos e jovens foram os grupos que mais contabilizaram mortes na primeira onda da doença, no ano passado.
Além disso, o Ministério da Saúde alega que seria tecnicamente impossível fornecer vacinas para todos os paranaenses. Primeiro, porque não há doses disponíveis para compra no mercado em quantidade ilimitada. Depois, porque as vacinas que estão no país já têm sua destinação previamente escolhida. A Secretaria da Saúde do Paraná diz que apoia a decisão judicial e quer vacinar todos os paranaenses que tiverem interesse. No entanto, só o ministério tem poder de decidir pela compra dos medicamentos e pela sua distribuição.
Clínicas particulares
Apesar das incertezas sobre a vacinação de toda a população paranaense, muitas pessoas preferem procurar as clínicas particulares e garantir a imunização. A clínica Paciornik, que oferece vacinas a R$ 100, tem imunizado cerca de 100 pessoas por dia. Ontem, entre as 8 e 11 da manhã, já haviam sido aplicadas cerca de 40 doses da vacina. Marli Andrade aproveitou a tranquilidade do feriado para vacinar a neta, Luana, de 8 anos. "Ano passado ela ficou um mês sem aula por causa da gripe. Este ano queremos ter a segurança da vacina", afirma.
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