Organizar melhor um armário, uma dispensa ou uma prateleira são lições práticas que Fabiana Barcelos de Souza aprendeu em curso de estoque e armazenagem do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Ela é uma das 92 detentas do Presídio Nelson Hungria que receberam diplomas do curso de qualificação nesta segunda-feira (15).
A iniciativa faz parte de um convênio do governo do estado do Rio com o Senac para formar 500 presidiários, entre homens e mulheres, até o fim do ano. O objetivo é, além de oferecer a perspectiva de um emprego no comércio, responsável por 70% das vagas no Rio, envolvê-los em uma atividade ocupacional, melhorar a autoestima e identificar habilidades.
No Presídio Nelson Hungria, as aulas foram dadas em salas equipadas. Três vezes por semana, durante três horas, as detentas que participaram de cursos de garconete e de estocagemo. Ela foram escolhidas de acordo com a escolaridade.
Fabiana Barcelos estava entre as selecionadas e já tem aplicações práticas para o que aprendeu no curso de estocagem, mesmo que um emprego não esteja em seus planos no curto prazo, em função da pena, ainda indefinida. "Para tudo você precisar saber fazer um estoque; montar um guarda-roupa, uma dispensa em casa, tudo precisa do estoque e da armazenagem", disse.
A detenta Ana Paula Buenaga, que fez o curso de garçonete, também acredita que aprendeu mais do que servir bem uma mesa. "Ser garçonete é mais do que segurar uma bandeja. É também ter um bom relacionamento com o cliente, é preciso um bom diálogo", declarou.
Além de oferecer perspectiva de empregos para as presas, a gerente de Responsabilidade Social do Senac, Ana Paula Nunes, considera que as aulas de qualificação profissional são uma oportunidade de as presas descobrirem aptidões e valorizarem as próprias habilidades "É bom para autoestima, elas descobrem que podem aprender. Muitas não tiverem oportunidade lá fora", disse.
A grade do Senac para este ano também inclui cursos de informática, cabeleireiro e maquiagem. Na avaliação de Ana Paulo, a qualificação facilita a entrada de ex-presidiárias no mercado de trabalho como autônomas. "Elas podem imediatamente começar a trabalhar", ressaltou.