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sustentabilidade

Custear dano ambiental ajuda a minimizar impacto

“Quando se coloca no papel o resultado, pode demonstrar que o custo da degradação é muito pior do que o lucro gerado pela atividade econômica.”
Carlos Eduardo Young , professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro |
“Quando se coloca no papel o resultado, pode demonstrar que o custo da degradação é muito pior do que o lucro gerado pela atividade econômica.” Carlos Eduardo Young , professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Foto: )
Veja as formas de consumo dos recursos naturais e a relação que eles têm com a sociedade |

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Veja as formas de consumo dos recursos naturais e a relação que eles têm com a sociedade

O uso dos recursos naturais tem um preço que poucas empresas encaram como um custo. Isso porque não é uma tarefa simples de calcular em reais, dólares ou ienes todos os efeitos negativos do corte de uma árvore, da poluição de um rio ou da emissão de gás carbônico. Uma das iniciativas mais ousadas para internalizar nos balanços contábeis o custo ambiental foi lançada pela corporação norte-americana Dow Chemical, que fechou uma parceria com a organização não governamental (ONG) The Nature Conservancy para calcular os impactos ambientais de cada decisão de negócio.

Definir quanto valem os recursos naturais e os serviços oferecidos pela natureza é um processo complexo, porém fundamental para a sustentabilidade do planeta. A prática é chamada valoração ambiental e apresenta um balanço entre o valor do recurso natural em si e o serviço que ele presta à comunidade. Com isso, estudiosos tentam corrigir uma distorção que pesa contra a conservação: é mais fácil saber o valor de um recurso quando ele é transformado em mercadoria (uma árvore serrada, por exemplo) do que quando em estado natural (um bosque que mantém uma determinada biodiversidade).

"Muitas vezes o balanço pode ficar negativo. Por isso é preciso estimar qual o valor que a sociedade atribui aos serviços naturais, mas que não são transacionados no mercado financeiro. Com a valoração é possível saber o tamanho da perda, quais as falhas e corrigir os valores negativos", explica o diretor executivo da ONG Conservação Estratégica, Marcos Amend, que aplica a economia como ferramenta para a conservação da natureza.

Um ponto favorável dessa estimativa é a possibilidade de revisar processos produtivos que agridem o meio ambiente com o objetivo de minimizar os impactos. O levantamento dessas informações permite a criação de políticas públicas e estratégias de compensação das perdas. Na definição do professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Eduardo Young essa é a "compatibilização entre benefícios e custos". "Quan­do se coloca no papel o resultado, é possível demonstrar que o custo da degradação é muito pior do que o lucro gerado pela atividade econômica", diz o especialista.

Iniciativas isoladas

Iniciativas como a da Dow Chemical, que pretende colocar seu inventário de impactos ambientais lado a lado com números de faturamento e lucros, ainda são ações isoladas e que demandam investimentos pesados para o desenvolvimento de metodologias de cálculo – a Dow está investindo US$ 10 milhões (cerca de R$ 16,7 milhões) no projeto, em um período de cinco anos. Mas elas tendem a aumentar, pois governos e órgãos reguladores já estão encontrando formas de fazer com que os impactos ambientais entrem na conta das empresas. Um exemplo é o mecanismo que impõe a compra de créditos de carbono nos países desenvolvidos para companhias que aumentarem suas emissões.

"O melhor caminho para a sustentabilidade é embutir nos processos da empresa este pensamento de internalizar os custos ambientais", diz a engenheira florestal e pesquisadora da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR) Ana Paula Dallas Corte. Com processos mais sustentáveis, as organizações planejam o uso consciente dos recursos, a geração e o reaproveitamento de resíduos. O investimento nessas tecnologias apresenta alto custo que é compensado quando os procedimentos tornam a empresa sustentável. "Caro é o preço da degradação. O preço para evitar e compensar é um preço justo", complementa Ana Paula.

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