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Travessia da baía é feita pelo ferryboat há cinco décadas. Congestionamentos nos acessos irritam moradores e veranistas | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Travessia da baía é feita pelo ferryboat há cinco décadas. Congestionamentos nos acessos irritam moradores e veranistas| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

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Atraso

Previsto na Constituição Estadual, projeto nunca saiu do papel

A construção de uma ponte na Baía de Guaratuba é assunto antigo no Paraná. Muitos governadores iniciaram discussões sobre a viabilidade do projeto, com mais força a partir da década de 1970, mas o plano nunca saiu do papel. Uma emenda na Constituição Estadual, em 1989, determina a execução da obra, por meio de concessão pública. Em 1991, no governo Alvaro Dias, a lei que regulamenta a ideia foi sancionada e um processo de licitação foi iniciado, mas o projeto parou por aqui.

A empresa curitibana Cejen En­­genharia chegou a idealizar uma ponte. Segundo Ceciliano Ennes, o projeto de 1990 custaria, na época, US$ 15 milhões. A pon­­te teria comprimento de 720 me­­tros e vãos de 100 metros. Apro­­veitaria a estrutura dos aces­­sos existentes e teria duas fai­­xas em cada sentido, além de ci­­clovia e espaço para pedestre.

Os 1.200 metros que separam os dois lados da Baía de Guaratuba, no Litoral do estado, só podem ser transpostos a nado ou de barco. Desde 1960, é o serviço de ferryboat – antes estatal, agora uma concessão pública – que leva veículos de um lado para o outro. Os recentes congestionamentos nos acessos da travessia em dias de feriado voltaram a despertar um desejo antigo: construir uma ponte, tornando mais fácil o acesso entre os balneários de Guaratuba e Matinhos.

Apontada como uma das obras prioritárias do Plano Estadual de Logística e Transporte do Paraná (Pelt), a construção é viável do ponto de vista da engenharia civil, segundo especialistas consultados pela Gazeta do Povo. Mas, na opinião deles, é preciso considerar obras complementares, como a ampliação das estradas de acesso, além da questão ambiental. Só um estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental poderia determinar a amplitude das obras, seus custos e a forma de execução, que tem relação direta com o fluxo de veículos que passa pelo local.

Para o engenheiro Mário Stamm Júnior, ex-secretário estadual de Transportes e organizador do Pelt, esse é um projeto que só pode ser desenvolvido de modo integrado. "O ferryboat tem trazido problemas, dificuldade operacional e uma grande demanda pela travessia rápida. Além da ponte, tem de se trabalhar com as ligações rodoviárias para que o tráfego flua", defende. Stamm aponta a necessidade de acessos e contornos rodoviários para o tráfego de passagem se deslocar sem sobrecarregar a área central de Guaratuba.

As obras complementares, o licenciamento ambiental e o alto custo são os grandes entraves do projeto, na opinião do engenheiro civil Nivaldo Almeida Neto, membro do conselho deliberativo do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). "Todo mundo acha que tinha que ter essa ponte, mas existe um monte de complicadores em volta", argumenta. O engenheiro estima que apenas a construção da travessia – com 800 metros de comprimento e uma estrutura pênsil ou estaiada, por causa da grande profundidade da baía – poderia custar no mínimo R$ 250 milhões, sem contar as obras complementares.

Uma tentativa de viabilizar ao menos o estudo técnico do projeto foi feita no final da gestão de Orlando Pessuti, em 2010, mas a licitação foi suspensa.

Em pauta, de novoDER promete licitar estudos técnicos

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná deve lançar um pacote para licitar os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de duas possíveis obras no Litoral do estado: a ponte sobre a Baía de Guaratuba e a construção da BR-101. De acordo com o diretor-geral do órgão, Nelson Leal Júnior, os estudos serão contratados ainda no primeiro semestre deste ano.

"Vamos contratar o estudo da ponte e, juntamente, o da BR-101, que não é nossa responsabilidade, mas são obras que se complementam ou se inviabilizam." Só depois da conclusão do estudo técnico é que o governo poderá definir cronogramas, estilo da obra e valores.

Em relação à rodovia federal, Leal Júnior diz que o traçado passa por 12 estados, mas a rodovia não existe no Paraná, que resolveu fazer o estudo por conta própria por entender que a obra é necessária. "É um trecho relativamente curto, mas a gente sabe de todo o aspecto ambiental aqui. Tem de considerar a importância", diz.

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