Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais do que dobrou sua arrecadação de campanha na comparação com 2002, contrariando a previsão de que a primeira eleição após o escândalo do "mensalão" seria comparativamente modesta. Isso não foi suficiente para o presidente evitar uma dívida de R$ 9,87 milhões nas suas contas. O déficit foi assumido pelo PT.

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Há quatro anos, Lula arrecadou R$ 44,73 milhões, em valores já corrigidos pelo IPCA, que mede a inflação no período. Agora, foram R$ 104,3 milhões, já incluída a parcela encampada pelo PT. O salto no intervalo de quatro anos foi de 133%.

Em 2002, o presidente se elegeu com 52.793.364 votos (custo de R$ 0,85 por voto, em valores já deflacionados). Em 2006, o petista obteve 58.295.042 votos (custo de R$ 1,79 por voto).

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Na eleição, o PT montou uma força-tarefa para arrecadar dinheiro, com 8 mil e-mails enviados a empresas e 60 mil telefonemas feitos por uma equipe de telemarketing.

No fim, 300 empresas doaram, e 2.800 pessoas físicas. Oficialmente, foi a campanha mais cara na história do país.

A dívida que o PT assumiu se refere ao pagamento de quatro gráficas, todas em São Paulo. "Todos os outros itens, que representam centenas de fornecedores, foram quitados e honrados", disse o tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior. Segundo Filippi, o marqueteiro João Santana recebeu integralmente os R$ 13,75 milhões de seu contrato.

O valor assumido pelo PT será inteirado por doações já "apalavradas" de empresas, segundo o presidente do partido, Marco Aurélio Garcia. O dinheiro deve entrar nos cofres petistas até o fim do ano.

Geraldo Alckmin, que disputou a Presidência pelo PSDB, declarou ontem à Justiça Eleitoral ter deixado dívida de R$ 19,9 milhões na campanha. A direção do PSDB informou que arcará com o prejuízo.

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Segundo os dados da prestação de contas enviados ao Tribunal Superior Eleitoral, o comitê tucano arrecadou um montante de R$ 62 milhões ao longo da campanha. Os gastos atingiram R$ 81,9 milhões.

Desrespeito

No entanto, ao contrário do PT, que quitou a dívida da campanha do presidente Lula, o PSDB ainda não saldou os débitos de Alckmin. Para a assessoria do TSE, isso pode levar a um imbróglio jurídico porque desrespeitaria a legislação eleitoral (Artigo 19 da Resolução 22.250), que obriga que as contas estejam "zeradas" no ato da apresentação da contabilidade final.

Responsável pelas finanças da campanha tucana, Paulo Bressan disse ter outro entendimento da lei. "Não estamos apresentando artifício contábil, estamos mostrando a coisa como ela é, transparente. A dívida tem de ser quitada, mas não precisa ser agora", disse.