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Ruralistas UDR diz que terra devoluta é lenda

São Paulo – O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse ontem que a existência de terras devolutas no Pontal do Paranapanema, alegada pelo MST, não passa de lenda. Afirmou ter informações de que as 12 áreas invadidas ontem são produtivas e tituladas. Segundo Nabhan, os proprietários de fazendas na região estão nas áreas há mais de 100 anos. "Eles (os sem-terra) usam essa lenda de terras devolutas para praticar crimes, como a invasão e a destruição do patrimônio alheio." O líder ruralista culpa o governo do estado pela demora na regularização fundiária da região.

Enquanto não é feita, as invasões se tornam corriqueiras e os investimentos vão para outras regiões. Nabhan Garcia disse que a participação de sindicatos ligados à CUT nas invasões vai permitir que a entidade processe judicialmente os responsáveis. As entidades ruralistas no Paraná não têm conhecimento de novas movimentações no estado, mas reconhecem que redobram a atenção em feriados prolongados. Segundo o coordenador estadual da UDR, Marcos Prochet, não há preocupação com o incentivo da CUT porque a atuação da entidade não seria forte no Paraná.

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) se juntaram para ocupar ontem 12 fazendas do Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista, interior de São Paulo. A ação atingiu dez municípios. O MST mobilizou 1.050 famílias de 23 acampamentos e os sindicatos da região outros 800 trabalhadores rurais para ocupar os 15.600 hectares. Estão previstas para hoje novas invasões na região de Araçatuba.

É a primeira grande ação conjunta do movimento social com sindicatos ligados ao PT no estado de São Paulo. O líder do MST, José Rainha Júnior, disse que as invasões visam a cobrar "mudanças rápidas" no Ministério da Reforma Agrária e exigir que a reforma seja encarada pelo governo como uma emergência.

Outro objetivo é chamar a atenção para os problemas sociais decorrentes da expansão da cana-de- açúcar no estado. Ele disse que o MST estará junto com os sindicatos na luta por melhores condições de trabalho.

Em manifesto conjunto, as entidades informaram que os imóveis invadidos são improdutivos, com decretos de desapropriação já expedidos pelo Incra, ou são terras apontadas como devolutas pelo governo do estado. "Esta ocupação tem como objetivo denunciar a dura realidade da reforma agrária no país", informa a nota, acrescentando que "o Incra tem se demonstrado incapaz de emitir a posse das fazendas declaradas como improdutivas".

As entidades reafirmam o "compromisso" com o governo Lula e dão um voto de confiança ao governador de São Paulo, José Serra. A ação, no domingo de carnaval, a partir das 5 horas da manhã, surpreendeu a Polícia Militar e os próprios fazendeiros. Ao meio-dia, quando todas as áreas já haviam sido invadidas, o comando da PM na região não tinha sido informado das ações.

Sem-terra e sindicalistas agiram simultaneamente e quase não encontraram resistência. Em algumas fazendas, os empregados apenas observaram o rompimento das cercas e a entrada dos invasores: os patrões tinham viajado para aproveitar o feriado prolongado.

Incra

A presidência do Incra informou ontem, por meio da assessoria de imprensa, ter solicitado à superintendência em São Paulo que apure a situação fundiária das 12 fazendas ocupadas ontem pelo MST. O Incra, segundo a assessoria, tem uma lista de imóveis vistoriados em preparação para assentamento de famílias nas regiões do Pontal do Paranapanema e Alta Paulista, onde ocorreram as invasões. "A autarquia aguarda o recebimento das informações e se manifestará quando houver uma avaliação dos fatos", informa comunicado.

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