Os detalhes do único prédio tombado pelo Iphan na capital
O Paço Liberdade é o único imóvel de Curitiba tombado nas três instâncias de proteção histórica. É uma unidade de patrimônio municipal, é tombado pela Secretaria de Estado da Cultura e é o único bem arquitetônico da cidade tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional (Iphan).
Nesse espaço foi instalado o primeiro elevador em um prédio curitibano. Preservado até hoje, o equipamento não é mais usado. O espaço arquitetônico é praticamente o mesmo que começou a ser edificado há 100 anos. "Algumas pequenas adaptações foram feitas. Podemos dizer que o espaço é, em sua maioria, igual o do período que funcionava a prefeitura", ressalta a gerente do Sesc Paço Liberdade, Celise Niero.
O prédio de arquitetura eclética, com elementos de art nouveau, é grandioso logo na entrada. No espaço em que ocorria o atendimento ao público pela prefeitura, duas colunas imponentes de granito dão boas-vindas aos visitantes. Foi mantido em todos os cômodos pelo menos um pedaço da cor e da pintura original da construção, como testemunhos históricos. Ocupando uma área de 500 metros quadrados, as escadarias de peroba rosa que circundam os quatro pavimentos são as mesmas do século passado, bem como as imensas portas de madeira do Paço.
No terceiro andar está localizada a antiga Sala de Atos, onde os vereadores se reuniam e aprovavam leis municipais. Com pinturas no teto, a sala chama a atenção pela beleza arquitetônica, assim como todo o andar. No alto das paredes, ramos de erva mate esculpidos permeiam quase todo o espaço. Na porta, um pinheiro esculpido em madeira transforma-se em um detalhe à parte. Também nesse andar há uma réplica da sala do prefeito Cândido de Abreu.
No lado de fora, dois Hércules sustentam as colunas da entrada do prédio, representando os poderes municipais o Legislativo e o Executivo , e o nicho existente logo acima encerra uma figura feminina que representa a cidade de Curitiba. Completa a ornamentação da torre um escudo com as armas do município e a cabeça de um leão, símbolos da força segundo o estilo arquitetônico da época.
Uma administração pública itinerante e sem sede própria. Era essa a realidade da prefeitura e da Câmara de Vereadores de Curitiba desde o século 17. A prefeitura chegou a funcionar em salões de igrejas e dividiu espaço até com a cadeia pública. Em algumas sessões da Câmara, os vereadores eram obrigados a usar guarda-chuvas devido às goteiras persistentes em alguns desses espaços improvisados.
FOTOS E VÍDEO: Veja mais fotos do Paço da Liberdade e um vídeo gravado no espaço
A vontade em construir um espaço próprio era antiga, mas nunca havia dinheiro suficiente. Foi assim até o engenheiro Cândido de Abreu assumir o cargo de prefeito no começo da década de 1910. "Se ele não fizesse, Curitiba continuaria sem prédio próprio para a prefeitura", afirma a historiadora Zulmara Posse. O local escolhido foi a atual Praça Generoso Marques, próximo da Catedral. Em 1914, há um século, baseada no projeto arquitetônico do próprio prefeito, começou a construção do Paço da Liberdade um dos mais imponentes prédios de Curitiba.
O espaço, até então, era endereço do Mercado Municipal, que foi parcialmente demolido para a construção do Paço. "As paredes do mercado serviram de tapume para a edificação do Paço", relata Zulmara. O mercado funcionou naquele espaço desde meados de 1870 e depois foi fixado em um chalé de madeira na atual Praça Dezenove de Dezembro.
Por aproximadamente dois anos, as obras do Paço da Liberdade seguiram a todo vapor, com a inauguração oficial em fevereiro de 1916. Por mais de meio século, o local abrigou cerca de 50 políticos que assumiram de forma definitiva ou interina a prefeitura da capital. O último dia de despachos do executivo municipal no edifício foi 13 de novembro de 1969, sob o comando do prefeito Omar Sabbag. Em 1970, após ter abrigado temporariamente o Projeto Rondon, o prédio teve a restauração iniciada e interrompida em 1971, sendo retomada em meados do ano seguinte, após reformulação do projeto pelo arquiteto Cyro Corrêa de Oliveira Lyra.
Por quase cinco anos, o Paço ficou sem função. Até que em janeiro de 1974 o Museu Paranaense foi transferido para o espaço, onde ficou até 2002. Desde então, o local ficou abandonado, deteriorado pelo tempo. "Tudo que não é utilizado vai se desgastando", salienta a historiadora. Sem uso por cinco anos, o prédio estava praticamente caindo aos pedaços. As pinturas estavam desgastadas, a fachada mal cuidada e parte de algumas paredes tomadas por cupins.
Os trabalhos de restauro iniciaram em 2007, por meio de uma parceria do poder público com o Sistema Fecomércio/Sesc. Bisturis foram usados para raspar as tintas que encobriam a pintura original nas paredes internas. A restauração do espaço durou dois anos, sendo reinaugurado em 2009 como o atual Centro Cultural, administrado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).
Mudança
Antes, a região da Praça Generoso Marques era ocupada pelo Mercado Municipal, que possuía duas dezenas de quiosques e comerciantes de diversas origens. Com a transformação do local em Paço da Liberdade, o entorno da localidade também começou a sofrer mudanças. O historiador Marcelo Sutil conta que a imponência do prédio fez com que as casas que eram mais simples fossem "virando" sobrados e habitações mais modernas na época. "O Paço trouxe um novo significado para todo aquele espaço em volta dele", salienta.
Restauro
Durante os trabalhos de restauro do Paço da Liberdade, arqueólogos descobriram parte do piso do antigo Mercado Municipal que esteve no local antes da construção do prédio. Fazem parte da nova estrutura azulejos transparentes para que o visitante possa observar como era parte do mercado.
Paço da Liberdade****VIDEO****
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