Ponta Grossa - O tenente-coronel da PM Waldir Copetti Neves sofreu uma derrota ontem na Justiça, na disputa contra a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a posse de uma fazenda em Ponta Grossa. O Tribunal de Justiça do Paraná negou ontem agravo de instrumento para que o processo que lhe garantiu a reintegração de posse seguisse na Justiça Estadual, onde o ex-PM gostaria que fosse decidida a questão.
Neves entrará com recurso. "Temos decisão da Justiça Federal negando competência. Se for para lá, será devolvido para a Estadual", aponta o advogado de Neves, Carlos Eduardo Biazetto. O MST alega que seus integrantes não poderiam ser retirados da área, pois há uma imissão de posse concedida a favor da Embrapa, em julgamento no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre.
O conflito que já está deflagrado no campo e na Justiça também vai para o mapa. A fazenda São Francisco II guarda diversas contradições sobre o local correto onde deveriam estar as cercas que separam as propriedades todas elas registradas em cartório. Os problemas foram confirmados em um relatório de georreferenciamento realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a pedido do juiz Antônio César Bochenek, da 2.ª Vara da Justiça Federal, em Ponta Grossa. O documento já foi entregue e está anexado à Ação Popular movida por integrantes do MST para retomada do local pela empresa. "Identificamos diversas superposições de áreas. A fazenda São Francisco II, em princípio, está na área da Embrapa", assegura o técnico do Incra Antônio Carneiro.
A São Francisco II foi ocupada em fevereiro pelo MST. A reintegração de posse foi concedida e os ocupantes se retiraram no dia 23 de fevereiro, dias após confronto entre os sem-terra, família e funcionários de Copetti Neves em meio à plantação de soja. O movimento alega que a posse é irregular e pleiteia a fazenda para fins de reforma agrária. Outra fazenda com superposição de matrícula é a vizinha Bom Jesus. A União possui título com data de 1912, enquanto o proprietário, Durval Inglês, detém título de 1960, conforme apuração do Incra. O órgão aponta que o georreferenciamento servirá para basear a decisão da Justiça Federal e uma apresentação do trabalho deverá ser feita a todos os proprietários da região.
Estudo "unilateral"
Para os advogados de Neves, o estudo tem de ser desconsiderado. "O documento é unilateral, feito sem contraditório. É um mapa sem poderes para registro, baseado nas indicações da Embrapa, não nos registros anteriores, como manda a lei", observa Biazetto. Ele diz que documentos da década de 50 comprovam que a fazenda de Neves está excluída das áreas atribuídas à Embrapa. "Há interesses políticos envolvidos na questão, visando prejudicar os posseiros", acredita.
A Terra de Direitos, entidade que auxilia o MST no processo, aposta no contrário. "Pode-se alegar que o Incra é parte interessada, mas é um órgão público que tem competência funcional e foi nomeado pelo juiz para fazer isso", aponta o assessor jurídico Fernando Prioste.
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