As opções
Mandirituba é considerada a melhor área para receber a usina de reciclagem, mas há outras duas opções.
Veja a seguir vantagens e desvantagens de cada uma:
Mandirituba
Considerada a melhor área, apesar de ser a mais distante. Vantagens: distância de núcleos populacionais e facilidade de acesso, por rodovia. Desvantagem: não tem licença ambiental.
Fazenda Rio Grande
Vantagem: tem licença ambiental prévia. Desvantagens: os caminhões de lixo teriam de passar perto da cidade e haveria necessidade de obra de seis quilômetros para melhorar o acesso.
Curitiba
Área perto do atual aterro da Caximba não está mais sendo cogitada. Está impedida judicialmente de receber o lixo, depois que moradores da região entraram na Justiça e conseguiram uma liminar.
Fonte: Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos
Entenda o caso
Relembre os principais capítulos da novela da escolha de um substituto para o aterro da Caximba:
Agosto de 2008 O secretário de Meio Ambiente de Curitiba, José Antonio Andreguetto, diz que o prazo para uso da Caximba se encerrará em julho de 2009.
Julho de 2009 Prefeitura apresenta ao IAP estudo para a reconformação geométrica da Caximba. O IAP nega.
Setembro de 2009 Prefeitura entrega novo estudo ao IAP Apesar de o IAP aprovar tecnicamente o projeto, o presidente do órgão informa que não autorizará a reconformação.
10 de novembro de 2009 O IAP, por meio da Portaria nº 187, permite criação de espaço temporário para resíduos até que a solução definitiva fique pronta.
11 de novembro de 2009 O presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Hermas Brandão, afirma que a análise do processo deve ser concluída até o próximo mês. Licitação para contratar empresa responsável pela indústria de reciclagem que substituirá o aterro está parada, devido à contestação sobre a licitude do processo.
14 de novembro de 2009 A Justiça autoriza a ampliação do prazo de encerramento do aterro para novembro de 2010.
10 de fevereiro de 2010 Justiça determina a continuidade do processo licitatório. No mesmo dia, a prefeitura de Mandirituba libera a implantação da usina no município.
23 de fevereiro de 2010 Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos publica o edital da conclusão da licitação, declarando vencedor o Consórcio Recipar.
25 de fevereiro de 2010 Presidente do IAP encaminha ofício à pefeitura de Curitiba informando que o licenciamento ambiental em Mandirituba não poderá ser emitido enquanto houver empecilho na legislação do município.
26 de fevereiro de 2010 Liminar do 2º Ofício da Fazenda de Curitiba suspende a licitação, por entender que empresa com menor preço não teve sua proposta devidamente analisada.
Duas decisões divulgadas nos últimos três dias deixaram o impasse sobre o destino do lixo de Curitiba e de 18 municípios da região metropolitana ainda mais longe de uma solução: há dúvidas sobre a empresa que irá gerir os resíduos e sobre o local onde a usina de reciclagem será instalada. Há pressa na definição dos detalhes porque a vida útil do atual aterro que recebe o lixo, na Caximba, se encerra em novembro deste ano.
A primeira das duas decisões foi a liminar do 2.° Ofício da Fazenda de Curitiba suspendendo a licitação que escolheu a empresa responsável pelo processamento, tratamento e destinação de resíduos. Segundo a Justiça, a prefeitura deve ouvir as explicações de um concorrente eliminado da licitação antes de declarar quem foi o vencedor.
O Consórcio Paraná Ambiental que, segundo a liminar, precisará ser ouvido apresentou um preço menor do que o oferecido pelo consórcio oficialmente declarado vencedor na última terça-feira, o Recipar. A diferença seria de R$ 214,9 milhões ao fim do contrato.
O problema é que o Paraná Ambiental foi eliminado justamente por ter apresentado um preço abaixo da média, que é definida por cálculo matemático. A proposta do Paraná Ambiental foi considerada "inexequível" pela comissão de licitação e o consórcio foi desclassificado. A Justiça não concordou e mandou ontem que a prefeitura veja se a proposta é ou não viável.
Ambiente
A segunda decisão veio na última quarta-feira e partiu do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O presidente do IAP, Vítor Hugo Burko, enviou um ofício à prefeitura de Curitiba afirmando que a área considerada como primeira opção para receber a usina que substituirá o aterro, em Mandirituba, não receberá a licença ambiental. O motivo seria a legislação municipal que impede a instalação de aterro sanitário. E não há como construir uma usina sem o aterro ao lado.
O Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos agora corre contra o tempo para a solução do impasse, já que faltam nove meses para a desativação da Caximba. Para o presidente do IAP, não haverá tempo para que sejam feitas todas as obras até novembro. Segundo Burko, as empresas levariam seis meses para elaborar projeto e o IAP precisaria de mais quatro meses, no mínimo, para analisar a concessão de licença de instalação. "O tempo de instalação de uma casa de 300 metros quadrados não é menor do que seis meses. A implantação da central não leva menos de um ano", diz Burko.
O consórcio de municípios, por outro lado, diz que há tempo. Estava previsto no edital de licitação que a empresa vencedora deveria estar apta a receber os resíduos quatro meses após a assinatura do contrato. "Se aplicarmos esse cronograma, teremos condição de ter a solução", afirma Marilza Dias, secretária-executiva do Consórcio para Gestão de Resíduos. Cada empresa que participou da licitação tem um cronograma de finalização do projeto, que será adaptado à área onde a usina será implantada. O consórcio não se pronunciou sobre a liminar.
As prefeituras, porém, mantêm a preferência por Mandirituba e afirmam que foram feitos seis pedidos de licenciamento ao IAP. "Até o momento não recebemos resposta, então não temos oficialmente o indeferimento do IAP. Temos o parecer técnico e jurídico favorável ao licenciamento em Mandirituba", diz Marilza Dias.
Ela completa que, se receber o documento, irá recorrer da decisão. "O processo de licenciamento tem exigências formais que estão estabelecidas em regulamentação e atendemos a todas. Não se pode simplesmente dizer que foi indeferido, uma vez que foram atendidas as exigências técnicas." Na discussão, as duas partes reclamam de interesses políticos envolvidos na decisão sobre o destino do lixo.
As prefeituras têm outras alternativas na manga, mas menos viáveis. Uma delas é um terreno em Fazenda Rio Grande, que já possui licença ambiental prévia. Só que no município os caminhões de lixo teriam de passar perto da cidade e haveria necessidade de obra de seis quilômetros para melhorar o acesso. O custo não foi divulgado.
Outra opção era Curitiba, mas a área perto da Caximba está impedida judicialmente de receber o lixo. Já Mandirituba se destaca por ser distante de núcleo populacional e ter condições de acesso facilitadas.
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