Brasília – A cinco meses da eleição para a escolha do presidente da República, a guerra eleitoral está declarada. Petistas e tucanos – principais adversários nas urnas – elevaram o tom dos ataques mútuos e indicaram qual será o clima da campanha eleitoral deste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a provocar os adversários. Em viagem a Manaus (AM), ontem, Lula desafiou a oposição a mostrar na tevê as sessões das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) criadas para investigar o mensalão, entre outras denúncias contra o Planalto.

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"Quero que eles coloquem CPI na televisão todo dia, toda hora. Que coloquem as torturas que fizeram com muita gente lá", afirmou Lula.

Incomodado, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse que Lula passou da "omissão ao cinismo". "Primeiro ele dizia que de nada sabia, agora fala que corrupção não tem problema. Agora é cinismo mesmo, que é mais imperdoável do que omissão."

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"Bomba fiscal"

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, rebateu as declarações dos tucanos sobre a suposta "bomba fiscal" que o partido estaria preparando para o eventual segundo mandato de Lula.

"É a estratégia do terrorismo. O PSDB tenta criar fatos a partir de mentiras e colocar medo nas pessoas", afirmou Berzoini.

Berzoini reagiu às acusações e alfinetou a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "O governo Lula não precisou fazer programa de privatização todo ano para fechar contas. Quem sempre foi irresponsável na área fiscal foi o PSDB e PFL", afirmou ele.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) também rebateu as críticas tucanas à suposta "farra cambial e fiscal" do governo Lula. "Há uma certa dor de cotovelo tucana, e eles estão procurando argumentos para embaçar o nosso sucesso (na economia)", provocou o ministro.

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Em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a suspeita de corrupção que atingiu o governo Lula. Para combater o mal, FH defendeu um "choque de moral".

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) rebateu FH e disse que "essa visão de choque ético não tem nenhuma fundamentação". "A ética se constrói consensualmente, no interior do Estado, no interior da sociedade civil", afirmou ele.