Nos dias que antecedem o Natal, ruas e lojas ficam cheias, presentes são comprados para toda a família e em quase todas as casas há uma árvore enfeitada com luzes. Mas, além de ser um espaço de confraternização e compras, a festa nasceu com um sentido espiritual, afinal recorda o nascimento de Jesus. Cada detalhe presente nas cerimônias natalinas é especial para a religião cristã. Itens como guirlandas, sinos e presépios não são somente objetos, mas representam uma ligação com o místico. O desafio para os religiosos é manter viva a tradição cristã da festa.
Itens que enfeitam as casas nessa época do ano são uma alusão ao nascimento e à vida de Jesus. O pinheiro costuma ser escolhido como árvore de Natal em função da capacidade de adaptação ao inverno e ao verão. "Ele não morre nunca. Em todas as estações está sempre verde. Por isso representa a esperança", diz o padre Reginaldo Manzotti. Outro símbolo caraterístico são as luzes que enfeitam a parte exterior das casas. "Jesus veio iluminar o mundo que estava nas trevas. Isso é muito significativo para os cristãos. Quando se colocam luzes para enfeitar a casa, o sentido não é só o da beleza, mas sim de que Deus está chegando", afirma o padre redentorista Joaquim Parron.
As guirlandas, que geralmente enfeitam as portas, são em formato de círculo porque ele não tem início e fim, é infinito. O padre Reginaldo Manzotti diz que as cores mais usadas no Natal são o vermelho, o verde e o dourado porque estas representam, respectivamente, a realeza, a esperança e a divindade. Ele também explica que as bolas que enfeitam as árvores eram no início feitas de papel, e nelas eram escritos os desejos para o ano seguinte. As estrelas e os sinos representam, segundo o padre Parron, um guia, já que foram estes itens que guiaram os reis magos até a manjedoura de Jesus.
Para os espíritas, o nascimento de Jesus é o evento mais importante da doutrina. No entanto, eles consideram secundários os itens que geralmente compõem a tradição natalina. "O essencial é a dimensão espiritual. O Natal deve ser celebrado não no externo, mas no interno", diz o conselheiro da Federação Espírita do Paraná Daniel Dallagnol.
O pastor da Primeira Igreja Batista Igor Baumann afirma que um dos maiores desafios da igreja é lembrar a espiritualidade da festa para os fiéis. "Acima do presente, precisamos estreitar vínculos. Isso não pode ser trocado por um bem material", afirma. O pastor Hilário Batista da Silva Junior, capelão da Faculdade Evangélica, diz que a festa é importante porque é o cumprimento de uma promessa de Deus. "É uma data para que a cada dia Jesus renasça em nossos corações", lembra.
Origem pagã
O diretor do curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, César Kuzma, explica que as origens do Natal remetem a uma festa pagã do Império Romano, que cultuava o sol no dia 25 de dezembro. A Igreja, logo nos primeiros séculos de existência, cristianizou a data e passou a comemorá-la como o nascimento de Jesus. "O que passou a ser celebrado é o Deus que vem ao encontro do ser humano", diz.
Kuzma afirma que, com o passar do tempo, aspectos culturais de povos que passaram a seguir o cristianismo foram incorporados. Um exemplo são os pinheiros, característicos da cultura eslava. "Aqui no Brasil, por exemplo, nossa festa deveria ser diferente, mas absorvemos estes aspectos das culturas do Hemisfério Norte", analisa.