Silvan Rodney Pereira, delegado que iniciou a investigação do caso Tayná e que teve a prisão decretada ontem| Foto: Aliocha Maurício/Tribuna do Paraná

Investigação

Perguntas sem resposta aumentam o mistério em torno da morte

Diego Ribeiro

Vinte e três dias depois de o corpo da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, ter sido encontrado em Colombo, uma série de perguntas sobre o caso continua sem respostas e a Polícia Civil não sabe quem são os responsáveis pelo assassinato da jovem. Fontes ouvidas pela Gazeta do Povo confirmam que a possibilidade de abuso sexual contra a adolescente ainda não foi descartada, assim como o envolvimento, mesmo que indireto, dos quatro suspeitos presos no início das investigações.

De acordo com o apurado até agora, o laudo da perícia localista – que investiga o local do crime – conflita com os exames de médicos legistas do caso. Enquanto a primeira avaliação descarta a possibilidade de abuso, os exames do corpo são inconclusivos e não afastam a possibilidade de o ato ter ocorrido enquanto a jovem ainda estava inconsciente. O laudo do material genético encontrado debaixo das unhas de Tayná, por sua vez, pode reforçar ambas as teses, já que apenas o DNA da jovem aparece, sem indícios de ter havido alguma luta com arranhões, por exemplo.

Segundo algumas autoridades envolvidas no caso, mesmo o resultado da análise do sêmen encontrado na calcinha que Tayná vestia poderá não ser conclusivo sobre o abuso. O resultado deve ser entregue à polícia nos próximos dias.

Quinto elemento

A nova equipe de investigação está próxima de identificar o homem chamado de "baixinho" nos depoimentos dos quatro suspeitos. Ele seria o quinto homem detido pela polícia e que foi liberado logo em seguida sem motivos claros. Os quatro suspeitos e "baixinho" foram presos no dia 27 de junho. Além deles, foram até a delegacia o filho e o dono do parque de diversões que teria sido o palco do crime e que foi depredado pela população no dia seguinte. Segundo fontes, os relatos policiais informam que os dois teriam ido acompanhar os suspeitos que trabalhavam no estabelecimento no dia da prisão.

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A Justiça da Comarca de Colombo decretou ontem à tarde a prisão de 14 pessoas (entre eles 11 policiais) suspeitos de participação na tortura dos quatro rapazes acusados de envolvimento na morte de Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, no mês passado. Até as 22 horas, seis policiais civis, um policial militar e um agente da Guarda Municipal tinham se apresentado à polícia. A Justiça determinou ainda o afastamento de outros seis policiais civis.

O pedido de prisão foi feito na última segunda-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Corregedoria da Polícia Civil. Ao todo, eram 15 pessoas, mas um dos pedidos – referente a um policial civil – foi indeferido pela Justiça. Entre os 14 acusados, há dez policiais civis, um soldado da PM, um auxiliar de carceragem, um guarda-municipal e um preso de confiança.

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O delegado Silvan Rodney Pereira, que estava à frente da Delegacia do Alto Maracanã à época da suposta confissão forçada dos quatro rapazes, é um dos que tiveram a prisão decretada. Ele disse que pretende se apresentar à Justiça "o mais rápido possível". O delegado afirmou estar fora da cidade, mas garantiu que pretende se apresentar, no mais tardar, até amanhã.

Pereira reafirmou que não houve prática de tortura na delegacia e disse que continua convicto da culpa dos quatro acusados. "Quando os suspeitos confessaram o crime em Colombo, na coletiva de imprensa, não havia marca no corpo deles e nem qualquer outro indício de agressão. Toda essa história de tortura só surgiu depois. Eles não foram coagidos a confessar a culpa", reiterou.

Proteção

A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná, informou que os quatro rapazes foram incluídos no Programa Federal de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas e já estão em local sigiloso. O pedido, feito na terça-feira, foi deferido ontem.