Os problemas apresentados pelas próteses de silicone da empresa francesa Poly Implants Protheses (PIP) preocupam organizações nacionais de saúde, que ainda não decidiram que tipo de ação preventiva será tomada. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), repassados pela própria PIP, foram comercializadas 25 mil unidades do produto no Brasil. Entretanto, a agência não tem informações de quantas pessoas possuem a prótese defeituosa.
O Alerta n.º 1.107, da Anvisa, pede que as mulheres que tenham o implante dessa empresa procurem os médicos para uma avaliação clínica, mas ainda não recomendam a retirada imediata, como aconteceu na França recentemente. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, o grande problema da prótese é a fácil ruptura. "O silicone industrial usado irrita mais a pele e, quando há ruptura, pode provocar uma reação inflamatória", explica.
Para as mulheres que não sabem se o silicone usado é o defeituoso, pode-se conferir a marca e o número de identificação no termo de garantia. Outra maneira é conversar com o cirurgião para ter mais informações. Aboudib destaca que o uso do silicone da marca PIP não foi muito difundido no país. "A marca era pouco comercializada aqui. Muitos cirurgiões nem sabiam da existência dela", conta.
Cuidados
A estudante de Direito Ana Beatriz Gori, 22 anos, colocou silicone há três anos e desde que terminou o pós-operatório não viu necessidade de voltar ao médico. "Continuei indo fazer curativo no consultório por um bom tempo, mas depois disso não voltei", conta. "No começo, eu tinha um pouco de medo de estourar ou dar problema, mas agora não. Não faço nada de diferente", explica.
Segundo Aboudib, só há necessidade de retornar ao médico depois de 10 anos da implantação da prótese. "Nem sempre a prótese causa problemas. Tenho pacientes com mais de 20 anos de prótese. Mas é importante buscar o médico para ver se há necessidade de trocar. No caso das próteses da PIP, a pessoa deve procurar com mais frequência", explica.
Caso
A empresa francesa PIP estava proibida de comercializar próteses no Brasil desde 1.º de abril de 2010 por causa do alto número de casos de rompimento na França. Na semana passada, cerca de 30 mil francesas que possuíam implantes da marca foram avisadas de que a empresa usava silicone industrial nas próteses. O silicone industrial é mais barato, usado em computadores e equipamentos eletrônicos e não é recomendado para uso clínico. Há também a suspeita de que as próteses causaram câncer em oito mulheres, porém as suspeitas não foram confirmadas.