Quais são as suas propostas para a presidência do PT?
Nós da chapa Mensagem ao Partido entendemos que cabe ao PT ser um partido que possa apoiar o governo Lula e o ajudar a construir este país. Temos clareza que esse compromisso do PT com o governo só é possível se nós tivermos um partido forte e para isso algumas questões têm de ser enfrentadas. A primeira é a democracia interna, que tem de ser retomada. Acho que o modelo de direção atual do partido se esgotou e nós temos que encontrar um outro caminho. Hoje, temos uma situação no PT em que um grupo restrito toma todas as decisões, as impõem ao campo majoritário e os militantes apenas homologam. Isso precisa mudar. O segundo ponto é a questão da ética, a qual para nós é fundamental. Nós avaliamos que a ética é um pressuposto da ação política. Não se trata aqui dentro do PT de fazer uma busca por punições individuais, mas nós queremos uma afirmação política da ética dentro do partido.
O senhor representa a oposição da chapa do atual presidente Ricardo Berzoini. Há risco de o partido sofrer um racha depois dessa eleição?
Não, claro que não. Nós temos um antagonismo de disputa com a chapa de Ricardo Berzoini, mas dizer que nós estaríamos em uma situação de enfrentamento aniquilador é incorreto. Tem muita gente no Campo Majoritário que pensa exatamente o que nós pensamos. Nós até defendemos que tivesse um candidato que pudesse ser supratendências, que conseguisse construir um programa comum aos dois grupos. A essa candidatura se pensou em lançar o Marco Aurélio Garcia. Mas infelizmente isso não aconteceu e o Campo Majoritário se colocou com a candidatura de uma pessoa que eu respeito profundamente, mas é uma candidatura que não dialogou com outras forças políticas.
O PT existe sem o presidente Lula?
Claro que existe. Eu acho que o presidente Lula é o maior quadro que nós temos, mas ele criou conosco um partido que sobrevive a qualquer das pessoas que passe por lá.
O que o senhor pensa do alinhamento do governo Lula com os partidos de centro-direita?
Acho natural que o governo busque as suas bases de sustentação dentro de forças políticas que possam negociar com ele o seu programa. Agora, a situação é diferente quando falamos do partido, que reúne pessoas que têm a mesma formação ideológica. Por isso eu defendo que o PT se alie com as forças de centro-esquerda. Não tem sentido que ele, como partido de bases socialistas, tenha alianças voltadas à direita.
Até agora, as únicas ações que sinalizam uma reforma política partiram do Judiciário. O que o senhor acha dessas intervenções da Justiça nas ações do parlamento?
O papel de produzir normas é do Legislativo e acho necessário que o Congresso faça sua autocrítica e perceba que não tem estado à altura daquilo que a população brasileira precisa. Por outro lado, também não posso deixar de reconhecer que em alguns casos, inclusive como esse, me dá a impressão que o Judiciário está chamando para si o poder de normatizar. Para mim, essa situação não é boa. Toda a sustentação do Estado de Direito está em cima da separação de poderes e quando um poder não cumpre o seu papel institucional e outro avança, nós começamos a ter um desequilíbrio da relação entre os poderes.
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