A juíza Marixa Rodrigues indeferiu um pedido da defesa de Bola de abrir um processo por falso testemunho contra o preso Jailson Oliveira. Em seu depoimento, a testemunha, que chegou a ficar no mesmo pavilhão de Bola durante dois meses, em 2011, afirmou ter ouvido o réu dizer que queimou o corpo de Eliza Samudio em um pneu e jogou as cinzas em um lago.
A juíza acatou os argumentos apresentados pelo promotor Henry Castro, que valorizou o depoimento de Oliveira, e rejeitou os da defesa, que alegou que Jailson mentiu ao enviar uma carta para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, em setembro de 2012. Na carta, ele se diz inocente dos crimes que o condenaram.
A carta foi usada pela defesa de Bola para tentar desqualificá-lo, já que, antes de o documento - que, como consta no processo, foi apresentado ao ministro -, Jailson tinha afirmado perante a juíza que é culpado de "alguns" crimes que cometeu e que em outros foi condenado injustamente.
Jailson está condenado a 35 anos de prisão. Somente o latrocínio (assalto seguido de morte) lhe custou 20 anos. Ele está preso há 16 anos. Jailson não explicou em quais crimes se considera culpado e em quais é inocente.Já o promotor argumentou que o pedido era "absolutamente descabido", porque não houve falso testemunho em relação aos fatos tratados no processo da morte de Eliza. "Sobre os fatos, a testemunha demonstrou credibilidade ao valer-se de informação que somente o acusado poderia ter transmitido a ela, a exemplo da exoneração da Polícia Civil em 1992", disse o promotor.
O depoimento de Jailson durou quatro horas e 30 minutos. Quase duas horas e meia foram usados pela defesa de Bola com questionamentos a Jailson. O advogado Ércio Quaresma tentou sempre desqualificar a testemunha, mas foi provocado primeiro.
Antes de Quaresma começar a perguntar, o advogado foi tratado pelo preso como "noiado" [drogado]. Foi quando a Promotoria fazia os seus questionamentos.Já na sua vez de perguntar, Quaresma disse que Jailson é um "delinquente contumaz" e que ele prestava falso testemunho. O advogado foi repreendido pela juíza três vezes.
Ela lembrou que o preso não estava ali sendo julgado. "Será preservado a dignidade da testemunha", disse ela, que depois acrescentou. "Ele está aqui como testemunha. Por isso o senhor não tem que humilhá-lo."