A família do iguaçuense Lucas Stormoski, 20 anos, detido no Egito por porte de drogas, tem esperança de que ele consiga evitar uma punição tão severa como as aplicadas na Indonésia, que condenaram à morte dois brasileiros em 2015. A grande dificuldade, porém, é contratar um advogado para defendê-lo, já que a Embaixada do Brasil no Cairo cortou o serviço de assistência jurídica por restrições orçamentárias do governo federal.
O pai de Lucas, Wilson Stormoski, aceitou conversar com a reportagem da Gazeta do Povo nesta quarta-feira (16). Ele evitou a imprensa por discordar da repercussão dada ao caso. “Falaram que tinha pena de morte, enforcamento, mas não é bem isso. Estou lidando com o caso desde o dia 7, e agora divulgaram isso, mas não são essas as informações que tenho. Essas notícias desestruturaram a família, as tias, as avós de Lucas”, declarou.
O chefe do serviço consular da Embaixada do Brasil no Cairo, Álvaro Roberto Campos de Oliveira, confirmou que a assistência jurídica foi cortada pelo governo federal neste ano. “É notório que o serviço público brasileiro anda sofrendo com restrições, e aqui temos sentido bastante”, disse. Ele explicou que a embaixada não tem acesso a todas as informações do caso, e que seria preciso um advogado para acompanhar todo o trâmite.
OIiveira disse que há previsão de pena de morte para tráfico de drogas no Egito, mas que isso não deve ocorrer no caso de Lucas. “Não são frequentes condenações assim no Egito. Ainda mais em um caso como o dele, que é um jovem levado pelas circunstâncias, seduzido por pessoas mal intencionadas”, disse.
Em entrevista a um programa de televisão do Egito, o jovem de Foz do Iguaçu disse que recebeu uma proposta para transportar comprimidos. “Eu até desconfiava que era cocaína. Chegou uma oferta do nada, em casa. Tava precisando de dinheiro, como todo mundo precisa de dinheiro. Eles entram na cabeça da pessoa, tão bem, você fica assim pelo dinheiro e não mede as consequências”, declarou na reportagem, que contou com um tradutor.
Punição
O pai de Lucas disse que a família ainda tem esperança de conseguir um advogado de forma gratuita. Por enquanto, ele não irá ao Egito. “Um amigo se propôs a ajudar. Mas a embaixada falou que não há muito o que fazer no momento.” Para ele, a Justiça do Egito deve punir o filho, porque ele fez uma ação ilegal, mas não seria justo condená-lo a uma pena severa. “Tem de pagar, mas ele não é peixe grande.”
Itamaraty
Questionado sobre o corte nos serviços de assistência jurídica, o Itamaraty informou, via assessoria de imprensa, que as embaixadas e consulados do Brasil não podem ser parte em processos judiciais envolvendo cidadãos brasileiros. “Alguns postos contratam serviços de consultoria jurídica, cuja tarefa é assessorar nacionais sobre a legislação local”, diz a nota. O Itamaraty garantiu ainda que a Embaixada do Brasil no Cairo está prestando “toda a assistência consular cabível desde que ocorreu a detenção do brasileiro, no dia 4/9”.