O advogado de defesa do delegado da Polícia Civil Rubens Recalcatti, Cláudio Dalledone Júnior, prometeu fazer uma representação contra promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na corregedoria do Ministério Público (MP), órgão de origem do grupo, e no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A promessa foi feita durante entrevista coletiva concedida na sede da Associação dos Delegados da Polícia Civil do Paraná (Adepol) horas depois de o policial conseguir um habeas corpus. O defensor estava ao lado de seu cliente, e do presidente da entidade, João Ricardo Kepes de Noronha, e do presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil, delegado Claudio Marques.
Réus pela morte de um suspeito, Recalcatti e sua equipe foram postos em liberdade no início da tarde desta quinta-feira (4), horas depois de terem se apresentado. A Justiça havia expedido um mandado de prisão preventiva contra os agentes, mas o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) concedeu uma liminar a um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do delegado e dos policiais.
“A corregedoria do MP será instada. Não tenho nada contra o Gaeco e não é uma guerra. Eles estão andando mal e não podem fazer que isso (a investigação) seja perseguição, prender por prender, com vaidade processual. Eles têm que tratar de coisa séria que é segurança pública”, afirmou Dalledone.
Nesta semana, a Justiça de Rio Branco do Sul aceitou a denúncia oferecida pela promotoria da cidade e pelo Gaeco, que acusa Recalcatti, sete investigadores da Polícia Civil e Mauro Sidnei do Rosário de executar Ricardo Geffer, em abril do ano passado. Ele era suspeito de matar o ex-prefeito daquele município João Dirceu Nazzari, o “João da Brascal”, primo do delegado. Os policiais alegam que houve um confronto. Para o Gaeco, há provas técnicas e testemunhais claras que comprovam que houve homicídio triplamente qualificado, fraude processual e abuso de autoridade.
O advogado afirmou ainda que pretende pedir rapidamente o trancamento da ação penal, que já tramita na Justiça. Segundo ele, há um “revanchismo” dos promotores contra policiais civis e militares do estado. Apesar da afirmação, ele não explicou a origem da suposta perseguição.
“Nós queremos ver avaliado pelo órgão a atitude de alguns promotores do Gaeco. É atitude de revanchismo. Não permitem que o sujeito possa proceder minimamente a defesa”, acusou. De acordo com o defensor, o Gaeco usa estratégia para destruir a reputação dos investigados.
“Sociedade, eu não sou isso, não matei ninguém”
O delegado Recalcatti afirmou durante a coletiva que não matou ninguém e que os policiais revidaram em um confronto, o que gerou a morte de Geffer. “Preciso esclarecer que quando fui denunciado colocaram lá e jogaram para imprensa que como se fosse um bandido. Sociedade, eu não sou isso. Não matei ninguém. Não cometi nenhuma fraude processual”, disse. Para o policial, bastava o MP procurar no fórum de Rio Branco do Sul para verificar que a equipe dele cumpriu mandados judiciais de busca e apreensão durante a operação.
O delegado disse ainda que não intimidou nenhuma testemunha. A suposta ameaça a uma delas elencadas no caso motivou a Justiça a decretar as prisões preventivas dos policiais nesta semana. “Não existe intimidação de testemunha. Estávamos fora de lá há muito tempo. É uma coisa doida que não sei de onde saiu. Se houve, quero que tragam a testemunha e mostrem”, alegou.
Gaeco
O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, afirmou, após conhecer o teor da entrevista, que o grupo trabalha de forma impessoal, técnica, criteriosa e com boa fé. Sobre a promessa de representação na corregedoria e no CNMP, Batisti preferiu não comentar.
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