Brasília (AE) O PT precisará recuperar cerca de 2,5 milhões de votos para conseguir eleger novamente a maior bancada de deputados federais na Câmara, como fez em 2002.
Esse número (2.587.632) representa o total de votos obtidos por deputados petistas eleitos em 2002 e que não terão condição de repetir o desempenho daquele ano. Esse grupo inclui 19 deputados cassados ou que se defendem do processo de pedido de perda de mandato; deputados que saíram do partido; que deixaram a Câmara para assumir outros postos e que morreram. Em 2002, o PT elegeu bancada de 91 deputados, a maior da Câmara. A bancada já caiu para 82, mas ainda é a maior.
Somente a cassação do ex-deputado José Dirceu (SP) representa um prejuízo de mais de meio milhão de votos, já que o ex-ministro da Casa Civil foi o campeão do PT entre os eleitores de São Paulo, com 556.768 votos, e agora está inelegível. Ainda podem ficar inelegíveis outros três petistas de São Paulo (José Mentor, João Paulo Cunha e Professor Luizinho), um da Bahia (Josias Gomes) e um de Minas Gerais (João Magno). Outro petista, o paraense Paulo Rocha, renunciou para não correr o risco da cassação. Poderá concorrer de novo, mas, desgastado, dificilmente repetirá os 130.974 votos de 2002.
O prejuízo partidário vem também com a debandada de petistas rumo ao novato PSol, da senadora Heloísa Helena. O PT perdeu sete deputados para a nova legenda, com baixas consideráveis. Somados os votos desses sete parlamentares, o prejuízo eleitoral potencial é de cerca de 769 mil votos. Nesse lote, o PT ficou desfalcado de alguns campeões de votos regionais. No Rio de Janeiro, Chico Alencar foi o mais votado entre os petistas, em 2002, com 169.131 votos. No Ceará, João Alfredo também liderou a bancada do PT, com 112.144 votos.
No Distrito Federal, Maria José da Conceição Maninha foi a mais votada da legenda, com 98.049. Para Chico Alencar, não está claro para onde migrarão os votos que o PT poderá perder. "Parte pode ir para a direita ou para partidos novos de esquerda."
Mas o secretário nacional de Organização do PT, Romênio Pereira, mantém o otimismo e acha que o partido se manterá entre as três maiores bancadas. Para ele, o escândalo envolvendo petistas teve como efeito negativo o freio do crescimento partidário e não representará seu encolhimento. "Não assumir que houve um desgaste seria esconder o sol com a peneira. Mas acho possível chegar a um resultado próximo ao de 2002."
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), também acredita que o desempenho do partido será novamente muito bom. "A bancada federal do PT vai crescer." A estratégia do comando petista é apostar nos "puxadores de votos". "Vamos incentivar a disputar todos aqueles que têm grande potencial de votação e não vão concorrer ao governo", explica Romênio.
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