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Entrevista com Beto Richa, prefeito de Curitiba

Como o senhor analisa o descontentamento de parte da população com o aumento da tarifa?

Descontentes sempre haverá. O importante é que a maioria dos curitibanos confia nas nossas medidas. Também é importante destacar que, em cinco anos, a passagem de ônibus não aumentou, enquanto a inflação foi de 34% a 39%, dependendo do índice. Nós concedemos um aumento de 15%. Assumi com a passagem mais cara do Brasil e hoje ela é a 5ª no ranking nacional de um sistema de transporte coletivo que é o melhor do país e um dos melhores do mundo ainda.

Movimentos sociais e a oposição dizem que vão à Justiça. O que o senhor pensa disso?

É mais um movimento irresponsável. Qualquer um entende que o aumento concedido foi metade do índice inflacionário, que nós estamos melhorando a qualidade do sistema, estamos renovando a frota, reformado os terminais e implantando o Ligeirão. A oposição não tem o que falar e fica se apegando a coisas sem sentido. Tanto é que, por essas razões, não conquista a confiança da população de Curitiba.

Quando vai chegar ao fim essa relação conturbada entre a Urbs e a Comec (órgão do governo do estado que gerencia o transporte da região metropolitana)?

Pelo que eu tenho visto já está chegando ao fim. O problema foi um mal-entendido. A Comec exigia mais documentos, e foi tudo apresentado a eles. Não temos o que esconder.

Diante dos protestos de movimentos sociais e partidos da oposição, a prefeitura de Curitiba, por meio do seu site oficial, alegou que o aumento da tarifa para R$ 2,20 irá evitar um déficit de até R$ 122 milhões nas contas do transporte público em 2009. Segundo a Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba, as despesas dos itens que põem o sistema em funcionamento como combustível e salários de motoristas e cobradores cresceram 52% em alguns casos, durante os últimos cinco anos, e por isso a entidade se viu forçada a subir o valor da passagem.

O último reajuste da tarifa em Curitiba ocorreu em abril de 2004, quando o transporte público passou a custar ao usuário R$ 1,90. De acordo com a Urbs, a manutenção desse valor representaria um saldo negativo de R$ 92 milhões no balanço de 2009, contando com um crescimento de 3,7% no número de passageiros. A empresa afirma que o déficit poderia chegar a R$ 122 milhões se fosse considerada a ampliação da frota, prevista para ser realizada este ano. As estimativas da Urbs projetam a aquisição de 152 novos ônibus e a substituição de outros 324, que alcançarão o limite de dez anos de vida útil.

A reforma de 18 terminais, no valor total de R$ 7,6 milhões, foi outra justificativa apresentada pela administração municipal para o aumento da passagem. Além disso, os custos de ampliação do terminal do Pinheirinho estariam calculados em R$ 4,4 milhões. "O serviço de transporte coletivo é mantido pela receita da tarifa. Diante do crescimento das despesas do sistema, foi necessário recompor o equilíbrio de contas", disse o diretor de transporte da Urbs, Fernando Ghignone, em texto divulgado pela prefeitura.

Justiça

O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Verde (PV) afirmam que estão estudando juridicamente a elevação da tarifa e, nos próximos dias, ingressarão na Justiça para que o antigo valor volte a ser cobrado. Já o Movimento Passe Livre fará uma manifestação hoje à tarde, na Praça Santos Andrade, por considerar o aumento "abusivo" e "uma exploração do povo".

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