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No Alasca, solo congelado já dá mostra de derretimento, liberando dióxido de carbono que estava armazenado | Arquivo/ Gazeta do Povo
No Alasca, solo congelado já dá mostra de derretimento, liberando dióxido de carbono que estava armazenado| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Oceanos subindo

Pequenas ilhas estão prestes a desaparecer

"Estamos diante de um desastre de proporções épicas" e precisamos agir de maneira "urgente", diz um documento elaborado em conjunto por governantes de ilhas que estão correndo risco de serem inundadas com a elevação do nível dos oceanos e fizeram um apelo aos países poluidores ontem, na COP18, a Conferência de Mudanças Climáticas que vai até o dia 7 de dezembro, em Doha, no Catar. "Nós não podemos mais fingir que não é a nossa responsabilidade agir e com urgência", disse Marlene Moisés, representante da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, que tem 44 membros. "Por sete anos", os países industrializados "falam, falam e falam" de seus compromissos para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEE), "mas chega um ponto em que você tem que trabalhar. E essa hora chegou", acrescentou.

O discurso marcou o dia de trabalhos na COP18. A Aliança de Pequenos Estados Insulares insiste em apressar a fixação de metas mais ambiciosas de redução de emissão de gases. No evento deverá ser decidido o futuro do Protocolo de Kyoto e esboçadas as bases de um grande acordo previsto para 2015, no qual devem participar todos os grandes países poluidores do planeta.

3°C a mais

na média de temperatura do planeta representaria aumento de 6°C no Ártico, o que provocaria o desaparecimento de mais de 30% do permafrost próximo à superfície.

30% ou mais

do permafrost podem desaparecer com a elevação da temperatura nos árticos, em regiões dos Estados Unidos, Canadá, Rússia e China.

O derretimento dos subsolos árticos congelados, o "permafrost", ameaça acentuar consideravelmente o aquecimento e deve ser levado em conta nos modelos climáticos, recomendou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ontem, durante a 18.ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU em Doha, no Catar.

Devido ao rápido aumento das temperaturas nas regiões árticas, o permafrost já está derretendo, enfatizou Kevin Schaefer, pesquisador da Universidade do Colorado e principal autor de um relatório sobre o assunto. "O permafrost é uma das chaves do futuro de nosso planeta. Seu impacto potencial no clima, nos ecossistemas e infraestruturas foi descuidado durante muito tempo", declarou Achim Steiner, diretor-geral do Pnuma.

O permafrost representa mais ou menos um quarto da superfície da terra no Hemisfério Norte. Em nível mundial, encerra 1,7 trilhão de toneladas de dióxido de carbono – mais ou menos o dobro de CO2 presente na atmosfera, recordou Schaefer. Se esta matéria orgânica congelada se derreter, libertará lentamente todo o carbono que acumulou e "neutralizou" com a passagem dos séculos.

"Uma vez que começa a derreter, o processo é irreversível. Não há nenhuma forma para voltar a capturar o carbono liberado. E este processo continua durante séculos, já que a matéria orgânica é muito fria e se decompõe lentamente", advertiu o cientista.

O problema é que este excesso de CO2 liberado na atmosfera jamais foi incluído nas projeções sobre o aquecimento climático que são objeto de negociações em nível mundial. E é ainda mais preocupante se for considerado que a temperatura das zonas árticas e alpinas com permafrost deveriam aumentar duas vezes mais rápido que no conjunto do globo, insiste o relatório entregue ao Pnuma.

Impacto

O derretimento do permafrost produziria o equivalente entre 43 e 135 bilhões de toneladas de CO2 adicional para 2020, o que representa 39% das emissões totais até a data de hoje. Em consequência, o Pnuma recomenda ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que leve em conta especificamente o impacto crescente do permafrost no aquecimento global. Jean-Pascal Van Ypersele, do IPCC, disse que essas emissões já estarão contabilizadas nos cenários futuros no relatório que começa a ser divulgado em setembro do ano que vem.

De acordo com o trabalho, todo o permafrost, que se estende por países como Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Atualmente, a camada de gelo, que chega a ter mais de dois metros de espessura, já vem apresentando uma diminuição de tamanho.

O derretimento, além do impacto à atmosfera, pode afetar os ecossistemas assim como a infraestrutura construída sobre o gelo permanente.

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