Em fase de conclusão com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a delação premiada de executivos da Odebrecht – que inclui o presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrechet – vai ampliar significativamente o volume de trabalho da Operação Lava Jato. A avaliação é de investigadores, advogados e profissionais com acesso às negociações com a empreiteira. Eles estimam que o número de inquéritos, agentes e empresas sob suspeita, além de valores desviados, mais que dobre em relação aos apresentados até agora.
Em 2 anos e 8 meses de investigações da força-tarefa, foram 250 denunciados em 54 ações penais, dos quais 82 já condenados a mais de mil anos de prisão, e R$ 6,4 bilhões de propina identificados no esquema de formação de cartel, desvios e corrupção na Petrobras.
A delação da maior empreiteira do país vai revelar a atuação de empresas, políticos, partidos e agentes públicos em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro em negócios com o governo federal ainda desconhecidos pela Justiça.
Citados nas tratativas da delação da Odebrecht, contratos da Petrobras em áreas que ainda não foram alvo ou não tiveram aprofundamento nas investigações – como os de exploração e produção de petróleo e também de gás natural – devem permanecer nos inquéritos de Curitiba, sob a guarda do juiz federal Sergio Moro. Porém, a mais longa e difícil das 70 delações da Lava Jato resultará em inquéritos e processos também em outros estados.
Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), do início deste ano, de que crimes cometidos fora da Petrobras seriam remetidos para os estados de origem do delito, a previsão é de que novas forças-tarefa exclusivas e integradas pelas três instituições sejam reproduzidas em outros localidades do país, como já ocorre no Rio.