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Justiça liberta delegada e superintendente acusados de tortura e sequestro

A maioria dos acusados de tortura, extorsão mediante sequestro e corrupção na delegacia do Alto Maracanã foi solta no início da noite de quinta-feira (30). A Justiça concedeu habeas-corpus a sete dos onze acusados - entre eles a delegada titular, Márcia Rejane Vieira Marcondes, e o superintendente, José Antônio Braga.

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A nova equipe de policiais civis do Alto Maracanã, em Colombo, região metropolitana de Curitiba, que assumiu a delegacia após a prisão de 12 funcionários da delegacia no dia 17 de março deste ano, se deparou com quatro tentativas de fuga em menos de dois meses. A primeira delas logo no primeiro dia. A última delas aconteceu nesta manhã de terça-feira (5), data em que a OAB-PR marcou para fazer uma vistoria na carceragem local. Ninguém teria escapado nas tentativas de fuga.

A OAB-PR disse por meio da assessoria de imprensa que a tentativa de fuga desta manhã não tem relação com a visita, que teria sido agendada na segunda-feira (4). Os presos teriam cerrado uma barra da porta de uma das duas cela. O objeto poderia ter sido usado para cavar um buraco ou ainda render um policial.

Segundo a secretaria da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR Isabel Kugler Mendes o teto é baixo, o que facilita para os presos danificarem o forro - os presos do 11º Distrito Policial de Curitiba usaram desse expediente para fugir no final de abril.

Em razão do pouco espaço, as celas ficam abertas para que os presos também se acomodem em um corredor. De acordo com a OAB, a delegacia do Alto Maracanã tinha 56 presos onde cabem oito na segunda-feira. Na visita desta tarde, o número caiu para 53 - mais de seis presos por vaga.

Grupo deitado, grupo em pé

A superlotação fez os presos criarem um rodízio que determina quem deve ficar de pé e quem pode se deitar. Um papel pregado na parede traz o nome e o grupo a que o preso pertence, para que saiba a posição em que pode ficar. Os turnos são de 5 horas, segundo a OAB.

Se não bastasse isso, Isabel afirma que o local tem péssima ventilação e condições insalubres até para matar a sede. O único acesso a água encanada é pelo chuveiro, que está localizado logo acima da única latrina dos presos, chamado "boi" na gíria policial.

A nova geração

Trabalham na delegacia do Alto Maracanã 11 investigadores, dois auxiliares de carceragem, 2 escrivães (mais dois estagiários ajudando) e dois delegados. A maioria dos policiais é recém graduada na Escola de Polícia. Apenas três funcionários trabalharam com a delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes, acusada de tortura e sequestro. A região do Alto Maracanã tem cerca de 230 mil habitantes.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta matéria.

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