Delegacias do projeto piloto têm até cinco mil processos na fila

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Enquanto o inquérito digital foi parar na gaveta, as delegacias que participariam do projeto piloto continuam atoladas de serviço. Nas unidades de São José dos Pinhais, Curitiba e Foz do Iguaçu as prateleiras permanecem lotadas dos inquéritos tradicionais, que acumulam cada vez mais papéis e tomam tempo dos funcionários nas delegacias. Isso sem contar que há delegacia do interior que ainda usa a antiga e quase obsoleta máquina de escrever.

Em São José dos Pinhais, por exemplo, onde ninguém sabe dizer quantos inquéritos digitais foram feitos durante o piloto, os tradicionais chegam a cinco mil. São pilhas e pilha, prendendo o serviço e a atenção dos escrivães. Os funcionários são obrigados a dar prioridade às situações que envolvem flagrante (quando a pessoa é pega cometendo um crime ou logo após o delito, com provas da autoria). O flagrante é uma das formas de se iniciar o inquérito policial. Nesse caso, o prazo é de dez dias para concluir o inquérito, caso contrário o detido é libertado.

Segundo o delegado Paulo Roberto da Silveira, titular em São José dos Pinhais, há cerca de sete meses, desde o início da sua gestão, não se fala em inquéritos digitais. Mas ele não quis comentar nada sobre o assunto. O escrivão Osmair Veras de Souza conseguiu, no entanto, traduzir numa frase o que aconteceu com o inquérito digital: "Não vingou." Para o escrivão-chefe Anselmo Andrio de Castro, a insuficiência de funcionários e o grande número de flagrantes são os maiores problemas para cumprir o prazo de dez dias. Apesar disso, eles conseguem respeitar os prazos. O problema é que muitos inquéritos são feitos superficialmente e na hora do julgamento acabam beneficiando o réu.

Em Foz do Iguaçu, onde há oito delegacias, a situação é similar. De acordo com o escrivão-chefe Liberalino Rodrigues, o uso de computador ainda é novidade.Os terminais chegaram lá há três ou quatro anos. "Enquanto não houver a informatização de todas as delegacias, não há como ter inquéritos digitais", diz Rodrigues. Mesmo assim, tem dúvidas se isso agilizaria o trabalho, por causa da falta de funcionários.